IMPUNIDADE

Lira retoma votação da PEC da Anistia aos partidos políticos

Apesar de ter prometido votar proposta somente em agosto, presidente da Câmara iniciou votação às vésperas do recesso parlamentar

Arthur Lira, presidente da Câmara.Créditos: Mario Agra/Câmara dos Deputados
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Às véspera do recesso parlamentar, Arthur Lira (PP-AL) ressuscitou a PEC 9/23, chamada de PEC da Anistia, para votação na tarde desta quinta-feira (11). 

A inclusão da proposta de última hora foi criticada por diversos deputados. A PEC prevê perdão a partidos políticos que cometeram infrações eleitorais, como o descumprimento das cotas reservadas a pessoas negras e mulheres. 

No começo do mês, Lira já havia tentado novamente aprovar a PEC, mas o deputado Odair Cunha (PT-MG) conseguiu barrar a votação. Líder do PT na Câmara, Cunha defendeu a proposta, mas afirmou que o texto deveria ser melhorado antes de aprovado. Convenceu Lira, que retirou o projeto de pauta e anunciou que seria debatido a partir de agosto.

Porém, na sessão desta quinta-feira (11), o presidente da Câmara retomou o debate. Deputados do PSOL criticaram a medida e afirmaram que tentarão novamente impedir a aprovação da PEC que promove a maior anistia da história, podendo chegar a R$ 23 bilhões.

O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), discursou no Plenário contra a PEC, afirmando ser um "desastre para a credibilidade dos partidos políticos".

 No X (antigo Twitter), ele também se posicionou, "Em 2022, foram eleitas apenas 91 mulheres na Câmara. Dessas, 29 são negras. Parece pouco… porque é pouco. Mas, em 2018, foram eleitas 13 mulheres negras. A PEC 9 quer barrar esses avanços mínimos, anistiando partidos que não preencheram a cota de recursos em razão de sexo e raça", publicou. 

"Se continuarmos com esse corporativismo parlamentar, anistiando quem descumpriu a lei que nós próprios aprovamos, a realidade nunca vai mudar. O parlamento precisa ter a cara do povo, e para isso precisamos de mais mulheres, negros, negras e indígenas na política! PEC 9, Não!", acrescentou o deputado.

Mais de 38 organizações da sociedade civil também se manifestaram contra a PEC. Em nota, elas afirmam "extrema preocupação" com o avanço da proposta, que consideram uma "inaceitável irresponsabilidade". 

O documento ainda acrescenta que a PEC ameaça "a candidatura de mulheres e pessoas negras, a integridade dos partidos políticos e a Justiça Eleitoral", além de viabilizar até "caixa 2" aos partidos para pagar dívidas.