8 DE JANEIRO

Fugitiva do 8/1 ajuda golpistas e até oferece hospedagem

Em conversas por aplicativo com bolsonaristas, Fátima Aparecida Pleti, de 63 anos, falou em como fazer travessia "com segurança" para Argentina

Fátima Aparecida Pleti, uma das bolsonaristas condenadas pelos atos do 8/1.Créditos: Reprodução/Facebook
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Após seu envolvimento na organização de ônibus dos atos golpistas do 8 de Janeiro, e condenação pelos ataques aos Três Poderes em Brasília, uma vendedora bolsonarista fugiu para a Argentina e agora está oferecendo “assistência” a outros condenados condenados e réus que buscam escapar do Brasil.

A informação é do portal UOL, que apurou que Fátima Aparecida Pleti, 63 anos, estaria vendo maneiras de facilitar uma "travessia segura" na fronteira entre Brasil e Argentina através de aplicativos a golpistas. Além disso, ela alugou uma residência em La Plata, a 56 km de Buenos Aires, onde está disponibilizando quartos por R$ 500 a R$ 600 mensais por pessoa, conforme testemunhos de fugitivos do 8 de Janeiro.

A equipe de reportagem do portal visitou a residência de Fátima em La Plata duas vezes: primeiro no início de junho, sem sucesso, e novamente na última quinta-feira (4 de julho). A casa, um sobrado com três quartos, sala, cozinha, dois banheiros e garagem, servia de moradia para pelo menos seis brasileiros condenados ou investigados por suposta participação em tentativas de golpe no Brasil, conforme apurado no mês anterior. 

Um detalhe que chamou a atenção foi a ausência da bandeira brasileira, que antes decorava o interior da casa. Na quinta-feira, Fátima escolheu se identificar como Aparecida, seu segundo nome, e recusou conceder entrevista. Ela estava acompanhada por uma brasileira chamada Camila, que afirmou ser estudante de medicina.

Em março deste ano, após danificar sua tornozeleira eletrônica, ela fugiu para a Argentina. O governo brasileiro, durante a gestão de Lula (PT), está em tratativas com o governo de Javier Milei para a extradição dos fugitivos. Em entrevista por telefone ao UOL na semana passada, ela refutou as acusações e declarou que o ministro do STF Alexandre de Moraes, relator de seu processo, "vai pagar". 

Segundo o site, Fátima terminou a ligação sem comentar sobre as supostas ofertas de assistência para fugas. Seu advogado afirmou que não fará comentários adicionais sobre o caso. No entanto, em um áudio enviado a outros condenados pelo 8/1, ela diz:

“Se tiver alguém aí do [inquérito número 49] 21 com risco de voltar pra prisão ou do [inquérito número 49] 22, manda falar comigo que eu ajudo a fazer a travessia com segurança e vim [sic] pra cá. Eu poderia estar pensando só em mim. Montei essa casa pensando em outros patriotas".

À Fórum, Moraes falou sobre movimentos de anistia dos golpistas do 8/1

No dia 28 de junho, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, chegou cedo ao último dia do 12° Fórum de Lisboa, e logo de cara já falou com os jornalistas. A previsão para a chegada do magistrado era para as 16h do horário local (12h no horário de Brasília), mas ele entrou pelo corredor que dá acesso ao anfiteatro principal do prédio da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa por volta das 10h.

Na coletiva que concedeu do lado de fora do grande salão onde ocorria uma mesa de debate com a presença de Flávio Dino, seu colega de STF, que explanava sobre jurisdição constitucional e separação dos poderes, o ministro que enquadrou os golpistas bolsonaristas que destruíram Brasília no 8 de janeiro de 2023 respondeu a várias perguntas, entre elas uma formulada pela Fórum, sobre o Judiciário sentir-se ou não afetado por um movimento de anistia que se arvora no Congresso Nacional para deixar impune os insurgentes que tentaram derrubar um governo legítimo.

“Bem, vamos aguardar... Quem admite ou não uma anistia é a Constituição Federal, e quem interpreta a Constituição Federal é o Supremo Tribunal Federal”, comentou Moraes. Outra abordagem muito insistida pelos jornalistas foi em relação às ações e decisões da Corte para a manutenção e preservação da democracia no país, que foi gravemente ameaçada ao fim do mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O ministro não se furtou de reafirmar o papel do tribunal e sua missão.

“A importância do Supremo não vem só da última eleição, afinal, o Supremo é uma instituição centenária quem é mais atacado quando a Constituição Federal é mais atacada e desrespeitada, é o Supremo Tribunal Federal, e o Supremo tem a missão constitucional de defendê-la, e o fez. O Supremo Tribunal Federal se utilizou de todos os instrumentos constitucionais existentes numa democracia, como ações diretas, habeas corpus, mandados de segurança, mandando investigar ações, e tudo isso para garantir que eleições fossem realizadas, para garantir que a desinformação e as notícias fraudulentas, esse novo populismo extremista digital não capturasse o eleitorado. E assim o fez. As eleições já foram, houve posse, a democracia brasileira continua forte e a estabilidade democrática continua sendo a missão do Supremo Tribunal Federal”, concluiu o magistrado.

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