O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), anuncia nesta sexta-feira (10), o projeto da terceira pista da rodovia dos Imigrantes, principal ligação entre a capital e a Baixada Santista. O objetivo é desafogar o acesso ao porto de Santos.
O novo traçado terá 21 quilômetros, será menos íngreme do que a pista atual de descida, fato que deverá possibilitar o tráfego de veículos pesados no sentido litoral paulista. Por conta do aclive e da grande quantidade de túneis, os cerca de 20 mil caminhões que acessam o Porto de Santos diariamente só podem usar a velha pista da Anchieta.
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Para o arquiteto e urbanista, José Marques Carriço, é exatamente aí que mora o erro, que começa a ser repetido agora. Para ele, que falou com exclusividade à Fórum, é evidente “que está saturado o sistema de acesso ao Porto e às cidades do centro da região da Baixada Santista”. E, segundo ele “a situação vai piorar, quanto mais o porto crescer e quanto mais aumentar o fluxo de passageiros entre a região e o Planalto”.
Carriço destaca também que “é digna de nota a lambança histórica dos governos tucanos que construíram uma pista descendente que supostamente impede a circulação de ônibus e caminhões, levando ao fluxo de carga e de coletivos intermunicipais a usar uma rodovia inaugurada em 1953!”
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Para ele, é espantoso como as três esferas de governo “desprezam o transporte ferroviário como solução para passageiros, perdendo oportunidades seguidas de costurar contratos de concessão que tratem a operação de ferrovia com subsídios cruzados”.
Ao final, com absoluto pessimismo, o arquiteto destaca que, em pouco anos, “o novo acesso rodoviário estará saturado novamente e uma nova ligação terá que ser construída. E a história se repetirá”. E encerra exigindo sem pestanejar: “Ferrovia já!”
O projeto
O governo de São Paulo, através da SPI (Secretaria de Parcerias em Investimentos), estima gastar com o projeto da nova pista da Imigrantes algo entre algo entre R$ 6 bilhões e R$ 8 bilhões. O prazo de conclusão é para 2031. As informações sobre o projeto foram antecipadas pela Folha.
A estimativa do governo do estado é que a obra aumente a capacidade de veículos pesados no sistema Anchieta-Imigrantes em 145%. Se for levada em conta a capacidade de todos os automóveis, o aumento é de 25%.
A nova pista no trecho de serra terá 21,5 quilômetros, sendo que 17 deles serão de túneis. Um dos túneis terá 6 quilômetros, e será, assim que pronto, o maior do Brasil.
A terceira pista deverá começar no quilômetro 43 da rodovia dos Imigrantes. Na Baixada Santista, a conexão será no quilômetro 265 da Rodovia Cônego Domênico Rangoni (SP-055), próximo ao Polo Industrial de Cubatão.
Sobre o traçado, Carriço acrescentou ainda que "descarregar o fluxo na Cônego Domenico Rangoni, não vai resolver a saturação da Via Anchieta no trecho de Baixada, que aflige diariamente milhares de moradores de Santos e Cubatão". Ele explica que "o entroncamento da nova pista será no parque industrial de Cubatão. Sendo assim, para chegar na margem direita, os caminhões terão que continuar a circular pelo trecho de baixada da Anchieta".
Automóveis de passeio também poderão usar o trecho, mas seu trajeto para a Baixada Santista será um pouco mais longo.
Há cerca de um ano, o governo do estado autorizou a Ecovias, concessionaria do sistema Anchieta-Imigrantes, a elaborar o projeto executivo, que deverá ficar pronto no ano que vem.
