Em evento com ministros e representantes de bancos para lançar mudanças na linha de crédito imobiliário para favorecer a classe média em São Paulo, o presidente Lula foi ovacionado ao se referir a seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL), como "tranqueira" quando falava sobre o descaso nas contas públicas.
"A gente teve que passar dois anos tentando reconstruir. Tivemos que fazer uma coisa chamada PEC da Transição, que não deve ter no dicionário brasileiro, porque não existe no mundo PEC da Transição. Nós conseguimos, antes de governar, fazer o Congresso apresentar uma PEC para dar dinheiro para a gente governar. Porque a tranqueira que governava não cuidou", disse Lula, arrancando aplausos da plateia.
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Ao lado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, Lula começou seu discurso se referindo também à "sabotagem" de Tarcísio Gomes de Freitas - governador do Estado que não compareceu ao evento, mesmo com a agenda vazia - sobre a MP 1303, que visava taxar bancos, bilionários e bets para que o governo pudesse fazer mais investimentos na área social.
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"Que ganha até R$ 5 mil reais não pode ser chamado de classe média. Se o cara pagar aluguel e tiver um filho na escola, mal e porcamente sobra para ele comer. É esse país que nós estamos governando. E é esse país que a gente tem um projeto de lei, depois de acordado no Congresso Nacional, para as pessoas que ganham acima de R$ 600 mil, acima de R$ 1 milhão pagar uma merrequinha a mais, para que as fintechs paguem um pouco mais, para que as bets paguem um pouco mais, e eles votam contra", disse.
"Sabe por quê [votam contra]? [Porque] esse dinheiro poderia ser para fazer com que a gente tivesse um pouco mais de política de inclusão social", emendou o presidente, citando déficit histórico de moradia no país.
Conversa com Trump
Lula ainda deu mais detalhes da conversa com Donald Trump ocorrida na segunda-feira, dia 6 de outubro, quando completou 80 anos, segundo sua mãe, Dona Lindu - no registro, consta como data de nascimento o dia 27 de outubro de 1945.
"Eu comecei a conversa com o Trump dizendo assim, eu estou completando 80 anos de idade e você vai completar 80 anos dia 14 de junho, no ano que vem. Ele é oito meses mais novo do que eu, portanto, eu tenho idade de falar mais grosso com ele. Aí, eu disse pro Trump: olha, nós dois, com 80 anos, governamos duas das maiores democracias do Ocidente. A gente não pode passar discórdia, desavença para o restante do mundo. Nós precisamos passar harmonia", afirmou.
Lula falou que a conversa colocou a relação entre os dois no lugar e reafirmou que que o Brasil não tem interesse de brigar com os Estados Unidos.
"Não parecia impossível isso. Vamos ser francos. Vocês, cidadãos brasileiros, que ficam acompanhando a imprensa diariamente, vocês não ficaram preocupados? 'Puxa vida, acabou o Brasil!' Não, não acabou o Brasil. Sabe por quê? Porque eu tinha um Alckmin negociando, o Haddad negociando, o Mauro Vieira negociando".
"E eu disse a gente não vai ficar chorando de leite derramado, não, se ele não quer comprar, a gente vai vender na China, a gente vai vender na Ásia, a gente vai vender em qualquer país do mundo", emendou.
Assista a íntegra do discurso de Lula