O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante inauguração de fábrica da montadora chinesa de carros elétricos BYD em Camaçari (BA), nesta quinta-feira (9), mandou um recado aos bilionários que se beneficiaram com a derrubada da Medida Provisória (MP) 1303/2025 pela Câmara dos Deputados.
Apresentada em julho, a medida do governo Lula substituía o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) por reajustes em outros tributos, com impacto concentrado nos setores bancário, do agronegócio e das apostas, fazendo com que os super-ricos paguem mais impostos, equilibrando a tributação e garantindo receita para programas sociais e áreas como saúde e educação. A MP, entretanto, foi derrubada na Câmara por um lobby dos ricaços com o centrão, mesmo após negociações.
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Em seu discurso no evento de inauguração da fábrica da BYD, que contará com um investimento de R$ 5,5 bilhões e vai gerar, de forma direta, 20 mil empregos, Lula garantiu que os bilionários pagarão mais impostos, mesmo com a derrubada da MP, pois "o povo trabalhador não vai deixar barato".
"Ontem, por exemplo, foi triste, porque uma parte do Congresso Nacional votou contra a taxação que a gente queria fazer dos bilionários desse país, daqueles que ganham muito e pagam pouco. E vocês não podem ficar quietos, porque vocês vão receber o salário de vocês. Quem ganha até R$ 5 mil não pagará mais imposto de renda nesse país. Mas quem ganha mais paga até 27,5%. Se um trabalhador pode pagar 27,5%, por que um ricaço não pode pagar 18%? Ainda fizemos acordo para 12% e eles não quiseram pagar. Eles podem saber que é uma questão de dias. Eles vão pagar o imposto que merece aqui no Brasil, porque o povo trabalhador não vai deixar isso barato", disparou Lula.
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Lula: "Não derrotaram o governo, derrotaram o povo"
Em entrevista na manhã desta quinta-feira (9), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou dos esforços que tem feito para reduzir a desigualdade social no Brasil e lamentou o conluio entre bolsonaristas e Centrão, capitaneado por Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), que na noite anterior impediu a votação da Medida Provisória 1303/2025, que aumentava a taxação sobre bilionários, bancos e Bets.
"Eu tenho a convicção de que nunca houve na história do Brasil política de inclusão social que chegasse perto daquilo que a gente está fazendo. E é exatamente essa inclusão social que faz com que as pessoas mais pobres subam um degrau na escala social, um degrau", disse Lula, ao introduzir o tema na entrevista à rádio Piatã, de Salvador.
"E aí eu fico muito triste porque ontem o Congresso Nacional poderia ter aprovado para que os ricos pagassem um pouco mais de impostos. Veja, nós estávamos propondo [aumento] de 12% para 18%. Foi negociado para as fintechs e bets pagarem apenas 12%. Ainda assim eles não quiseram e se recusaram a pagar. É engraçado que o povo trabalhador paga 27,5% de imposto de renda do seu salário. E os ricos não querem pagar 12%", emendou.
O presidente então ressaltou que Tarcísio, Centrão e bolsonaristas celebraram uma derrota não do governo, mas do povo brasileiro.
"Então eles acham que derrotaram o governo. Não derrotaram o governo, derrotaram o povo brasileiro, derrotaram a possibilidade de melhorar a qualidade de vida do povo brasileiro, tirando mais dinheiro dos ricos e distribuindo para os pobres. Foi isso que aconteceu ontem no Congresso Nacional", afirmou.
Lula ainda afirmou que ligou para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mas que só deve começar a pensar na compensação das perdas com a derrubada da MP na próxima quarta-feira (15), quando retornará de um debate na FAO - fundação das Nações Unidas no combate à fome - que acontece em Roma.
O presidente confirmou, no entanto, que a reposição virá de impostos sobre o sistema financeiro.
"Eu vou reunir o governo para discutir como é que a gente vai propor que o sistema financeiro, sobretudo as Fintechs, que tem Fintech hoje maior do que banco, que elas paguem o imposto devido a esse país".