O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a mandar um recado ao governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), na esteira da derrubada da Medida Provisória (MP) do governo Lula, pela Câmara dos Deputados, que previa mais impostos a bilionários, bancos e casas de apostas.
Durante um evento do governo Lula de lançamento do novo modelo de crédito imobiliário na capital paulista, nesta sexta-feira (10), Haddad afirmou que "não se ganha a eleição sabotando o país". Apesar de não ter citado o nome de Tarcísio, tratou-se de uma indireta do ministro ao governador, que é contado para ser candidato à presidência em 2026 e fez lobby para proteger os bilionários e articulou junto a parlamentares bolsonaristas e do centrão a retirada de pauta da MP.
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"Aqueles que porventura imaginam que tentando sabotar o Brasil vão deter o curso dos acontecimentos, eles estão equivocados. Não se ganha eleição sabotando o país. Não se ganha eleição impedindo o governo de fazer o bem. Nós vamos seguir a nossa vida, vamos seguir o nosso curso e vamos entregar um Brasil muito melhor", disse Haddad.
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Haddad rebate ataque de Tarcísio; entenda
Na noite de quinta-feira (9), Fernando Haddad já havia rebatido ataques feitos pelo governador Tarcísio Gomes de Freitas, apontado como um dos principais articuladores da derrubada da Medida Provisória (MP) 1303/2025, proposta pela equipe econômica do governo Lula para equilibrar as contas públicas até 2026. Apresentada em julho, a medida substituía o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) por reajustes em outros tributos, com impacto concentrado nos setores bancário, do agronegócio e das apostas.
Haddad havia denunciado que Tarcísio "agiu contra os interesses nacionais" ao se mobilizar para derrubar a MP. O governador passou a quarta-feira (8) toda ligando para parlamentares e lideranças partidárias em um lobby para tirar a medida de pauta.
Tarcísio havia afirmado que não articulou para derrubar a MP e que estava "trabalhando por São Paulo". O líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante, entretanto, acabou desmentindo o governador ao agradecê-lo, logo após a votação que derrubou a MP, pela articulação junto aos parlamentares.
No fim da tarde desta quinta, então, o governador divulgou um vídeo nas redes sociais em que, visivelmente irritado, volta a negar que tenha feito qualquer articulação, disparando ataques ao PT e Haddad.
"Há meses, a gente vem sendo alvo de uma ampla campanha de desconstrução de imagem, reputação, por parte do PT. Ofensas, mentiras, nas redes sociais, tudo certo, nada diferente do que a gente sempre viu no PT... A estratégia do PT sempre foi essa: vender o mundo perfeito na publicidade, gastando o seu dinheiro pra isso, pra espalhar também o medo, o ódio em cima de quem pensa diferente deles. Mas eu quero chamar a atenção para um fato que beira o absurdo: Agora o PT quer me acusar de ter trabalhado pra evitar que o governo cobre mais impostos da população. Eu tô trabalhando por São Paulo, pra mudar a vida das pessoas, pra fazer a diferença. E é isso que a gente tá fazendo”, declarou.
"Agora, ficar jogando uns contra os outros de forma absurda e querer que a população apoie aumento de impostos, e eram dez impostos que iam ser aumentados ontem, ninguém, nem eu, nem o país, vai apoiar. Já chega, vamos parar de inventar culpado. Tenha vergonha, Haddad, respeite os brasileiros", disparou ainda o governador.
Horas depois, Haddad, por sua vez, também divulgou um vídeo nas redes sociais. Apesar de não citar nominalmente Tarcísio, trata-se de uma resposta ao governador, na qual o o ministro da Fazenda expõe o "lobby dos privilegiados" contra o Brasil. O ministro inicia sua fala celebrando a aprovação da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e o "enterro" da PEC da Blindagem após mobilização popular para, na sequência, denunciar o que está em jogo na derrubada da MP do governo que previa taxação de bancos, bets e bilionários.
"Faz poucos dias o Brasil deu um passo histórico. Todos acompanharam. Com a força do povo nas ruas, a PEC da blindagem foi enterrada e nós aprovamos a nova tabela do Imposto de Renda. Uma conquista que zera o imposto de quem ganha até R$ 5.000 e alivia o bolso de quem ganha até R$ 7.300. Como você sabe, para permitir essa conquista, o governo escolheu o caminho mais difícil, mas também o mais justo. A conta da isenção será paga pelos super-ricos. Avançar com responsabilidade na direção da justiça social requer equilíbrio e coragem. Não adianta dar com uma mão e tirar com a outra. Para verdadeiramente garantir direitos e combater as desigualdades, é preciso também enfrentar privilégios", inicia Haddad.
Na sequência, o ministro passa a explicar o objetivo da MP 1303 e expor os interesses daqueles que se mobilizaram para sua derrubada.
"Com esse mesmo intuito, apresentamos a medida provisória 1303. Para garantir os investimentos em saúde, educação e previdência de 2026, a medida buscava cobrar o mínimo de bilionários, bancos e bets em uma operação simples e justa, proteger os direitos da comunidade. Aqueles que ganham menos cobrando a justa parte dos que ganham muito e não pagam quase nada. Apesar de muita negociação, ontem o lobby dos privilegiados prevaleceu no Congresso e derrubou essa medida. Não foi descuido, foi escolha, a escolha consciente de tirar direitos dos mais pobres para proteger os privilegiados, de blindar os menos amigos de sempre e forçar cortes contra aqueles que mais precisam do Estado, escolhendo sabotar o equilíbrio fiscal e o povo para tentar prejudicar o governo Lula, que trabalha todos os dias para proteger a nossa economia e os direitos dos trabalhadores", afirma Haddad.
"Mas eles mais uma vez esqueceram que o povo brasileiro está cada vez mais atento, sabe o que está em jogo e como o jogo é jogado, sabe quem defende o país, quem trai o interesse nacional para proteger familiares e amigos. E é por isso que mais uma vez o povo mostrará sua força e dará um basta. O resultado das urnas precisa. Respeitado. E ele foi claro, incluir o pobre no orçamento e o rico no imposto de renda. Esse é o compromisso desse governo com o povo que o elegeu. Os direitos do povo são inegociáveis. Em futuro do país, não será sacrificado num tabuleiro de interesses menores. A MP dos bilionários, bancos e bets pode ter caído, mas nós seguiríamos de pé, ao lado do povo brasileiro, defendendo seus direitos e enfrentando todo e qualquer privilégio que nos ameaça. Se você também entende o que está acontecendo, ajude essa verdade a chegar mais longe", prossegue o ministro.
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