Rompido com o ex-presidente Jair Bolsonaro, o deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ), liderança da bancada evangélica na Câmara, declarou apoio à indicação de Jorge Messias, atual advogado-geral da União (AGU), para a vaga deixada por Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal (STF).
Barroso anunciou aposentadoria do STF na última semana e, com isso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva Lula terá que indicar um novo nome para compor a Corte. Entre os mais cotados está justamente Jorge Messias, que tem bom trânsito no Supremo e é considerada uma pessoa de confiança de Lula.
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Apesar de ser da oposição ao governo Lula, Otoni de Paula, que é pastor evangélico, defendeu a indicação de Messias ao Supremo pelo fato de o AGU ser também evangélico.
Segundo o parlamentar, defender Messias no STF seria "estratégico" para o seu campo político. Em vídeo divulgado nas redes sociais no sábado (11), Otoni de Paula afirmou que o AGU é "conservador" e que o conservadorismo estaria "acima" até mesmo da direita.
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"Eu conheço bem [o Jorge Messias], ele é crente, ele é evangélico da Igreja Batista, e é crente mesmo, já há muitos anos. No que dependesse de mim, se eu pudesse contribuir, mas acho que não posso, eu contribuiria para que o governo, e eu sou oposição, por isso que eu acho que eu não posso contribuir, mas eu faria votos de que o presidente da República pudesse indicar o Jorge Messias (...) Todas as derrotas que nós tivemos no campo do conservadorismo, seja na questão de aborto, seja em pautas familiares e outras pautas, nós perdemos na Justiça, nós perdemos para o Supremo, que é um Supremo altamente progressista, de pautas progressistas", afirma Otoni de Paula no início do vídeo.
Segundo o deputado, não é por que as pessoas são de esquerda ou "tem simpatia ao Lula" que elas "não são de Deus" ou não possam ser conservadoras. Otoni de Paula, ao defender Jorge Messias no STF, avaliou que o conservadorismo "também está na esquerda".
"A direita é maior do que o bolsonarismo e o conservadorismo é maior do que a direita. Por quê? Porque o conservadorismo, ele perpassa todas as vertentes ideológicas. Você vai ter conservador na extrema direita, você vai ter conservador de centro, você vai ter conservador de centro-direita, de direita, e você vai ter o conservador na esquerda. Você só não vai ter o conservadorismo na extrema-esquerda, PSOL, PCdoB, ali não, mas até na esquerda você vai ter o conservadorismo. Então, nós termos um irmão em Cristo, conservador, evangélico, na Suprema Corte, não é porque está sendo indicado pelo Lula que eu vou torcer contra", prosseguiu.
Assista:
Os nomes cotados por Lula para substituir Barroso
O ministro Luís Roberto Barroso confirmou na última quinta-feira (9) sua aposentadoria antecipada do Supremo Tribunal Federal (STF). A movimentação, esperada após semanas de sinais do magistrado, já provoca articulações políticas sobre quem ocupará sua cadeira. O mandato de Barroso poderia se estender até 2033, quando completaria 75 anos. Agora, quatro possíveis sucessores de Barroso já ganham força nos bastidores.
O nome mais forte para a sucessão de Luís Roberto Barroso é o do advogado-geral da União, Jorge Messias, considerado um dos homens de confiança do presidente Lula. Com perfil técnico e político alinhado ao governo, Messias, de 45 anos, poderia permanecer na Corte por até três décadas, caso seja indicado.
Após a comunicação de Barroso sobre sua aposentadoria antecipada, o presidente elogiou o ministro-chefe da AGU, indicando que ele seria seu preferido para assumir a vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), segundo informações da coluna de Vera Rosa, do Estadão.
Relatos de ao menos dois interlocutores apontam que Lula considerou Messias “maduro” para a função, destacando que a escolha não seria apenas uma “aposta”. O presidente reconheceu também a pressão por outros nomes, mas não demonstrou intenção de ceder.
Outro nome com peso nas articulações é o do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ex-presidente do Senado e aliado próximo de ministros como Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes. A escolha de Pacheco agradaria tanto ao Judiciário quanto ao Legislativo, mas Lula ainda avalia mantê-lo como candidato ao governo de Minas Gerais em 2026, o que poderia adiar sua eventual ida ao STF.
Também está no radar o ministro do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas, que mantém bom trânsito político e relação próxima com o Planalto. Entre os cotados, aparece ainda o ministro da Controladoria-Geral da União, Vinícius Carvalho, que ganhou destaque por sua atuação em pautas ligadas à integridade pública. Nos últimos dias, Barroso já vinha dando sinais de que avaliava a aposentadoria.
“Estou há 12 anos e mais de três meses e posso ficar ainda mais oito anos. É muito difícil deixar o Supremo, que é, para quem gosta do Brasil e tem compromissos com o país, um espaço relevante. Mas há outros espaços relevantes na vida brasileira. Estou considerando todas as possibilidades, inclusive a de ficar”, afirmou.