TRAMA GOLPISTA

Núcleo 4 da tentativa de golpe vai a julgamento no STF; saiba quem são os réus

Grupo é composto, em sua maioria, por militares que atuaram em operações estratégicas de desinformação

Ailton Barros, um dos réus do núcleo 4 da trama golpista, e Jair Bolsonaro.Créditos: Reprodução
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A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) inicia nesta terça-feira (14) o julgamento do chamado núcleo 4 da trama golpista. O grupo é acusado de integrar a estrutura de desinformação e sabotagem institucional que sustentou o plano de golpe articulado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro – já condenado pelo próprio STF a 27 anos e 4 meses de prisão. 

Sob a presidência do ministro Flávio Dino, que substituiu Cristiano Zanin este mês no comando do colegiado, a Primeira Turma dá sequência à análise dos diferentes núcleos da organização criminosa. A Procuradoria-Geral da República (PGR) aponta que o núcleo 4 teve papel central na disseminação de notícias falsas, ataques cibernéticos e incitação de atos antidemocráticos que culminaram nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. 

Militares e ex-agentes da Abin entre os réus

Segundo a denúncia, os sete integrantes do grupo agiram de forma coordenada para desacreditar o sistema eleitoral, gerar instabilidade social e fomentar hostilidade contra o STF e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). 

Entre os réus estão militares da ativa e da reserva, além de ex-agentes da Abin e da Polícia Federal, evidenciando a infiltração do projeto golpista em estruturas do Estado. São eles:

  • Ailton Gonçalves Moraes Barros, ex-major do Exército e aliado direto de Bolsonaro, que se autointitulava “01 do Bolsonaro” e chegou a pressionar Mauro Cid a apoiar um golpe;
  • Ângelo Martins Denicoli, major da reserva e ex-diretor do Ministério da Saúde na gestão de Eduardo Pazuello, acusado de disseminar mentiras sobre as urnas;
  • Carlos César Moretzsohn Rocha, engenheiro e presidente do Instituto Voto Legal, responsável pelo relatório encomendado pelo PL com alegações falsas de fraudes eleitorais;
  • Giancarlo Gomes Rodrigues, subtenente do Exército cedido à Abin, suspeito de usar o software First Mile para espionagem e desinformação;
  • Guilherme Marques de Almeida, tenente-coronel e ex-comandante do Batalhão de Operações Psicológicas, que defendia ações militares para manter Bolsonaro no poder;
  • Marcelo Araújo Bormevet, policial federal e ex-diretor da inteligência da Abin, que chegou a incitar violência contra um assessor do ministro Luís Roberto Barroso;
  • Reginaldo Vieira de Abreu, coronel da reserva e ex-chefe de gabinete do general Mário Fernandes, crítico da “hesitação” de Bolsonaro em consumar o golpe.

De acordo com a PGR, todos tinham conhecimento do plano maior da organização e contribuíram para minar a confiança pública nas instituições. Eles respondem por golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

Além desta terça-feira, foram reservados os dias 14, 15, 21 e 22 de outubro para a conclusão do julgamento do núcleo 4 da trama golpista. 

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