TEATRO MACABRO

Circo bolsonarista: Derrite quer mandar PMs de SP ao Rio em sinal de “apoio”

Extrema direita parece não ter limites ao explorar morticínio ocorrido nos complexos do Alemão e da Penha. Ações sugerem que bolsonarismo pretende “ressuscitar” com episódio

Créditos: Facebook/Reprodução
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Em meio à confusão institucional desencadeado por uma operação policial destrambelhada que deixou pelo menos 121 mortos nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, propôs ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) o envio de policiais militares paulistas para patrulhar ruas cariocas. A ideia, apresentada como um gesto de “solidariedade”, surge num momento de desespero político para o bolsonarismo, que enfrenta sua crise mais aguda desde o início do movimento, ao passo que a popularidade do presidente Lula dispara e o governo federal acumula aprovações recordes.

O violento secretário de Segurança Pública de Tarcísio ainda tentou explicar sua ideia “brilhante” sobre mandar os PMs de São Paulo para o Rio. “O que falei para o governador é que, creio eu, os esforços para contenção dessa crise em áreas deflagradas e ocupadas vão acontecer por parte das forças estaduais do Rio de Janeiro. Eventualmente se houver necessidade do apoio das forças de segurança para patrulhamento em outras áreas, para que não haja prejuízo da atividade policial, isso pode ser feito”, disse.

A proposta não para por aí. Governadores alinhados à extrema direita, como Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina, já manifestaram apoio à iniciativa, descrevendo-a como uma "troca de recursos estratégicos" que envolveria não só efetivo nas ruas, mas também especialistas em inteligência. Reuniões preliminares congregaram figuras como Tarcísio de Freitas (São Paulo), Romeu Zema (Minas Gerais), Ronaldo Caiado (Goiás) e Mauro Mendes (Mato Grosso), todas orbitando o mesmo espectro ideológico extremista.

O ápice desse espetáculo grotesco está marcado para esta quinta-feira (30), com um encontro presencial no Rio de Janeiro, no final da tarde. A agenda é coordenada com o governador Cláudio Castro (PL) e já confirmaram presença Ronaldo Caiado (Goiás) e Ratinho Júnior (Paraná). Jorginho Mello (Santa Catarina) é o principal articulador e entusiaste do “evento”.

Na prática, porém, essa mobilização carece de qualquer lógica operacional. O Rio de Janeiro possui suas próprias forças de segurança, capacitadas e em número suficiente para lidar com rotinas de patrulhamento, sem necessidade de importação de efetivos de outros estados. Especialistas em segurança pública questionam a viabilidade da ideia de Derrite. Deslocar policiais de São Paulo para o Rio demandaria logística complexa, custos elevados e adaptação a um território desconhecido, sem garantir qualquer ganho real na contenção da violência. Trata-se, na verdade, de uma encenação política descarada, uma tentativa de usar o morticínio recente como palanque para reacender o bolsonarismo em frangalhos.

O movimento extremista, que outrora dominava discursos de endurecimento penal e intervenções militares, vive seu ocaso. Pesquisas recentes mostram Lula com aprovação repetidamente crescente em diversos levantamentos, impulsionada por políticas econômicas e sociais que contrastam com o legado de instabilidade deixado pelo governo anterior, de Jair Bolsonaro (PL). Diante desse cenário, esses governadores recorrem a gestos teatrais: oferecem "apoio" que ninguém pediu, organizam cúpulas improvisadas e posam de salvadores em uma crise alheia. É o circo bolsonarista em ação, instrumentalizando mortes e medo para tentar uma ressurreição ideológica que parece cada vez mais improvável.

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