O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), não tem feito “praticamente nada” com relação ao combate ao crime organizado. A fala ocorreu na manhã desta quarta-feira (29).
Haddad também destacou que a única maneira que ele considera eficaz de combater o crime organizado é por meio do monitoramento do dinheiro e do combate às fraudes, ressaltando a apreensão de quatro navios em operação conduzida pela Receita Federal e pela Polícia Federal, e a falta de ação de Castro com relação ao tema. A declaração se deu em reação a operação policial que resultou em mais de 120 mortes nesta terça-feira (28).
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O ministro reforçou que a estratégia do governo federal para enfrentar o crime organizado passa pela asfixia financeira das facções, especialmente aquelas envolvidas em fraudes de combustíveis, contrabando e lavagem de dinheiro. Haddad considera que o enfrentamento “na ponta” — ou seja, com operações policiais de confronto — tem impacto limitado se não vier acompanhado do bloqueio das fontes de financiamento das quadrilhas.
“Pessoalmente, aqui na Fazenda, estamos entrando forte contra o crime organizado. Na minha opinião da maneira mais eficaz, que é a questão dos combustíveis. Apreendemos quatro navios, tá uma guerra jurídica em torno da liberação das emendas dessas mercadorias. Eu penso que o governador deveria nos ajudar. O governador não tem feito praticamente nada, penso que ele deveria nos ajudar em relação a isso. O governador deveria acordar para esse problema, que é crônico no Rio de Janeiro, e nos ajudar, ajudar a Receita Federal, a combater o andar de cima. Porque quando o dinheiro está no crime é muito difícil na ponta você controlar, tem que controlar pelo alto, asfixiar o crime. Porque, sem dinheiro, eles têm pouca capacidade de atuação”, afirmou o ministro.
A declaração ocorre um dia após a realização da Operação Contenção, que contabilizou mais de 100 mortos (entre eles quatro policiais), 81 presos e 93 fuzis apreendidos. Também ocorre em meio à escalada de tensões entre o governo federal e o governador que, no dia anterior, classificou a megaoperação policial no Rio como uma “guerra contra narcoterroristas” e acusou Brasília de não oferecer apoio suficiente na segurança pública.
A declaração de Castro repercutiu negativamente, sendo interpretada pela imprensa internacional, como o New York Times, como um movimento político para ecoar a narrativa da extrema-direita e reproduzir o discurso bolsonarista de enfrentamento armado.