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Ida de governadores bolsonaristas ao Rio reforça tese de ação política de Castro

Aliados de extrema direita nos estados formarão “caravana de apoio”, o que aponta para massacre deliberado que visou fortalecer bolsonarismo em momento de dificuldades

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, em entrevista coletiva.Créditos: Pablo Porciúncula / AFP
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A caravana de governadores bolsonaristas anunciada nesta quarta-feira (29) que irá prestar apoio ao governador do Rio, Cláudio Castro (PL), desembarcando na capital fluminense na quinta-feira (30), não é mera solidariedade: é apenas a comprovação de que extrema direita está por trás do morticínio que chocou o mundo, desesperada por oxigênio político após o massacre deliberado que deixou ao menos 121 mortos nos complexos do Alemão e da Penha, a operação mais letal da história do estado. Deflagrada na terça-feira (28), a “ação” contra o Comando Vermelho foi determinada por Castro (PL) num momento em que o bolsonarismo nacional derrete nas pesquisas e vê Lula (PT) se consolidar com uma popularidade em alta contínua.

Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), que lidera a comitiva, justificou a viagem como “apoio a Castro e às forças de segurança”. O grupo inclui Jorginho Mello (PL), governador de Santa Catarina, Mauro Mendes (União Brasil), do Mato Grosso, Eduardo Leite (PSD), do Rio Grande do Sul, Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, Ratinho Junior (PSD), do Paraná, Eduardo Riedel (PP), do Mato Grosso do Sul, e Celina Leão (PP), vice-governadora do Distrito Federal. A presença coletiva de líderes de direita em peso sinaliza que o banho de sangue não foi acidente: foi estratégia coordenada para reacender o bolsonarismo em crise.

Ainda com corpos sendo retirados das favelas, na terça (28), Castro correu para culpar o governo federal em coletiva à imprensa. Classificou a operação como “ação de defesa e não de segurança urbana” e citou as Forças Armadas, alegando ter feito três pedidos de blindados, que teriam sido negados, ignorando que tal solicitação dependeria da assinatura de GLO,  sob comando do governo federal. Ele ainda citou e criticou o presidente Lula, nominalmente.

A narrativa de Castro foi clara e inequívoca: usar a mortífera invasão sem planejamento, com 2.500 policiais, como munição contra o Planalto, justamente quando Bolsonaro conta os dias para possíveis prisões e a extrema direita perde eleitorado para um Lula em ascensão.

Deputados já deram sinais de que ação foi premeditada e pensada

A orquestração da “armadilha” contra o governo deu sinais imediatos. Minutos após a coletiva de Castro, deputados do PL como Gustavo Gayer (GO), Bia Kicis (DF), Sóstenes Cavalcante (RJ) e Mario Frias (SP) inundaram as redes com o texto idêntico “Lula, o presidente dos traficantes”. A sincronia não deixa dúvida: o massacre foi o gatilho de uma operação política maior, com a caravana de governadores servindo como coro ensaiado para legitimar a matança e tentar reverter o derretimento bolsonarista às custas de 121 vidas.

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