121 MORTOS

PF foi chamada para ação mortífera no Rio e não aceitou participar, diz diretor do órgão

Delegado Andrei Rodrigues explicou que “aquilo não era o modo como fazemos operação” e que também “não havia respaldo” para se juntar à ação

Créditos: Henrique Rodrigues/Revista Fórum
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Andrei Rodrigues, diretor-geral da Polícia Federal, revelou que a corporação foi procurada por forças de segurança do Rio de Janeiro para integrar uma megaoperação realizada na capital fluminense que resultou em 121 mortos, nos complexos do Alemão e da Penha, mas que optou por não se envolver após avaliar o planejamento como inadequado e sem respaldo jurídico.

A operação, conduzida principalmente pela Polícia Militar do estado, foi um verdadeiro morticínio e tornou-se a mais sangrento já registrado no estado, servindo agora de bandeira política para o governador bolsonarista Cláudio Castro (PL).

De acordo com Rodrigues, os contatos ocorreram de forma operacional, envolvendo equipes de inteligência da Polícia Militar e a Superintendência da PF no Rio, antes do início da ação. Não foi apresentada uma data específica para a realização da ação.

“Essa é uma operação do estado do Rio de Janeiro. Nós não fomos comunicados que seria deflagrada nesse momento. Houve contato anterior, do pessoal da inteligência da PM como nosso pessoal no Rio, para ver se haveria alguma possibilidade de atuarmos em algum ponto nesse contexto. A partir da análise do planejamento operacional, a nossa equipe entendeu que não era uma operação razoável para que a gente participasse", afirmou Andrei Rodrigues.

Ele enfatizou que não houve comunicação oficial por parte do governo federal sobre o planejamento da operação.

“Houve um contato no nível operacional informando que haveria uma grande operação. Identificamos que nossa equipe do RJ, a partir da análise geral, entendeu que não era o modo que fazemos operação. Não teríamos nenhuma autorização legal para participarmos”, disse ainda o diretor-geral da PF.

As declarações foram feitas um dia após a realização da ação letal. Ainda nesta quarta (29), Rodrigues participou de uma reunião no Palácio da Alvorada com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O encontro contou com a presença dos ministros Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública), Rui Costa (Casa Civil), Anielle Franco (Igualdade Racial) e Macaé Evaristo (Direitos Humanos). Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), Sidônio Palmeira (Secretaria de Comunicação Social), José Múcio (Defesa), Geraldo Alckmin (vice-presidente) e Marcelo Freixo (presidente da Embratur) também participaram da reunião com o chefe de Estado.

Após a reunião, Lewandowski, Rodrigues, Anielle Franco e Macaé Evaristo seguiram para o Rio de Janeiro, onde têm agendada uma encontro com o governador Cláudio Castro.

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