O novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos (PSOL), assumiu o cargo nesta quarta-feira (29) trazendo forte protagonismo nas redes sociais. Um levantamento da consultoria AM4 Brasil Inteligência Digital aponta que Boulos é, hoje, o integrante do governo federal com maior engajamento nas plataformas digitais, superando em 42% a segunda colocada, Gleisi Hoffmann, ministra das Relações Institucionais.
O desempenho de Boulos se apoia em uma rotina intensa de publicações — média de 15,8 por dia, a maior entre os ministros analisados. O estudo avaliou a presença digital de todos os titulares das pastas do governo Lula em Instagram, Facebook, X (antigo Twitter), LinkedIn e TikTok, considerando volume de postagens, interações e seguidores.
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Além de Boulos e Gleisi, o top 5 de engajamento é completado por Alexandre Padilha (Saúde), Fernando Haddad(Fazenda) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar). O vice-presidente Geraldo Alckmin, que também comanda o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, aparece na sétima colocação.
Na comparação com o antecessor, Márcio Macêdo, o salto é expressivo: enquanto Macêdo ocupava apenas o 20º lugardo ranking, Boulos estreia na liderança.
O estudo mostra ainda que, embora Fernando Haddad seja o ministro com maior número total de seguidores somando todas as redes, ele não ocupa o topo em nenhuma delas individualmente. Já Boulos aparece à frente no Instagram e no TikTok, enquanto Marina Silva (Meio Ambiente) lidera no Facebook e Camilo Santana (Educação) domina o X. No LinkedIn, a primeira posição pertence à ministra Anielle Franco (Igualdade Racial), mas o destaque em engajamento dentro da plataforma é do ministro Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos).
Segundo Rebeca Ribeiro, sócia e diretora de conteúdo da AM4 Brasil, os resultados indicam que o dinamismo digital está mais presente entre ministros com atuação política e de articulação institucional.
“Boulos lidera com 1.427 postagens no período analisado, cerca de 17% a mais que Gleisi Hoffmann. As menções variam entre positivas, negativas e neutras, mas o estudo revela um ritmo mais ativo entre perfis políticos, enquanto áreas técnicas mantêm engajamento mais moderado”, afirma.
Posse de Boulos é marcada por críticas à operação policial no RJ
Diante do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Guilherme Boulos, criticou nesta quarta-feira (29) a Operação Contenção, que deixou mais de 120 mortos no Rio de Janeiro.
“Tenho orgulho de fazer parte do governo do presidente que sabe que a cabeça do crime organizado desse país não está no barraco de uma favela, muitas vezes está na lavagem de dinheiro lá na [Avenida] Faria Lima, como vimos na Operação Carbono Oculto da Polícia Federal”, disse Boulos em seu discurso de posse no Palácio do Planalto.
No começo de sua fala, Boulos pediu um minuto de silêncio a “todas as vítimas”, incluindo os policiais e os moradores das comunidades do complexo do Alemão e da Penha. O presidente Lula não discursou no evento.
A cerimônia de posse teve a presença do vice-presidente Geraldo Alckmin,e de ministros de Estado, como Fernando Haddad (Fazenda) e de Gleisi Hoffman (Relações Institucionais). No salão, havia centenas de representantes de movimentos sociais.
“O presidente Lula me deu a missão de ajudar nessa reta final do seu terceiro mandato com o governo na rua”, afirmou.
Ele explicou que a proposta é dialogar não só com quem já concorda com todas as políticas públicas, mas também com grupos como entregadores e motoristas de aplicativos.
“A gente sabe que as políticas que mudam pessoas não nascem só nos palácios e nos gabinetes. Elas nascem do povo, dos territórios populares. Elas nascem das ruas”, considerou.
No entanto, acrescentou que um papel será também expor “a hipocrisia dos que dizem ser contra o sistema”. “Se são contra o sistema, por que é que não apoiam a nossa proposta de taxar bilionário e bets?”, questionou.
Ao final do discurso, agradeceu aos companheiros dos movimentos sociais, que foram “escola de vida e de luta”. “São companheiros que não tiveram a oportunidade de sentar no banco de escola, mas me ensinaram muitas lições que eu não aprendi com nenhum professor da universidade. Me ensinaram o valor da solidariedade”.
Novo ministro
O novo ministro tem 43 anos e uma trajetória política voltada ao ativismo urbano. No novo cargo terá como desafio a articulação política entre Palácio do Planalto, movimentos sociais e sociedade civil.
Ele nasceu em São Paulo e é filho caçula dos médicos infectologistas e professores universitários Maria Ivete e Marcos Boulos.
Filiado ao Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), foi eleito deputado federal em 2022, com mais de 1 milhão de votos, tornando-se não apenas o candidato mais votado do estado, mas o segundo mais votado de todo o país.
