DIREITOS HUMANOS

Ministras de Lula e parlamentares vão à Penha e Alemão prestar solidariedade às famílias

Anielle Franco, Macaé Evaristo, Benedita da Silva, Reimont ,Jandira Feghali,Taliria Petrone vão às favelas da Penha e do Alemão ouvir famílias e cobrar responsabilização pela matança que deixou 121 mortos no Rio.

Benedita da Silva, Jandira Feghali, Macaé Evaristo e Anielle Franco na Penha.Créditos: Reprodução
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As ministras Anielle Franco (Igualdade Racial) e Macaé Evaristo (Direitos Humanos e Cidadania), a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ), deputado Reimont (PT-RJ), Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e a deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ) cumprem nesta quinta-feira (30) uma diligência nas favelas da Penha e do Complexo do Alemão para ouvir famílias, acompanhar perícias e cobrar responsabilização pela Operação Contenção, que deixou 121 mortos nesta terça-feira (28).

A comitiva integra ação da Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial da Câmara, com roteiro que inclui visita à Central Única das Favelas (CUFA) da Penha pela manhã, acompanhamento no Instituto Médico-Legal no início da tarde, reunião com a Defensoria Pública do Rio e, à noite, encontro com movimentos sociais e parlamentares da Alerj.

A iniciativa ocorre em meio às cenas que chocaram o país, com dezenas de corpos expostos nas ruas e famílias forçadas a carregar vítimas para uma praça, como a Fórum registrou em reportagens que mostram a dimensão da tragédia e a reação da sociedade civil.

O movimento no Parlamento cresce conforme se ampliam as cobranças a autoridades estaduais e a denúncia de violações em massa. A ONU pediu investigação aprofundada diante da ação do governo Cláudio Castro, classificada como guerra contra as favelas, enquanto ministros do STF avaliaram que Castro perdeu o controle da segurança pública no estado.

Na Câmara, Benedita da Silva fez um pronunciamento que sintetizou o sentimento de revolta e luto das favelas. “É de doer ouvir nesta Casa que ‘a esquerda protege bandido’. Nós não protegemos bandidos, nós protegemos as famílias decentes, aquelas que limpam a casa dos senhores e das senhoras, que cuidam dos seus cachorros e dos seus filhos. São essas pessoas que nós defendemos”, afirmou a deputada do PT-RJ.

Benedita ainda responsabilizou o governador Cláudio Castro e repudiou a naturalização de mortes em territórios densamente povoados: “Não pode ser natural você ir para um território onde há milhares de pessoas e fazer uma operação a céu aberto, colocando as famílias em pânico”. Aos 83 anos, concluiu evocando sua trajetória: “Eu saí da favela, mas ela não saiu de mim. Eu conheço a dor daquela gente”. 

Do Planalto também vieram sinais de repúdio. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmou que o presidente Lula ficou “estarrecido” com a matança e classificou a operação como “cruenta”. Em outra frente, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou que Castro “tem feito praticamente nada” para enfrentar o crime organizado, cobrando coordenação e inteligência em lugar de espetáculos de letalidade. Especialistas ouvidos pela Fórum expuseram o uso político-partidário de megaoperações que sabotam a inteligência policial e produzem mais insegurança do que proteção (entenda), ao passo que relatos e denúncias de campo reforçam o quadro de abuso e desumanização.

Em paralelo, a escalada de tensão entre o governo fluminense e o Planalto foi mapeada por especialistas, que apontam violações de dever de cooperação e o esforço do governador para transformar controle judicial de abusos em palanque político.

O foco imediato da comitiva é garantir que o processo de identificação das vítimas e a cadeia de custódia de provas não sejam contaminados, assegurar acolhimento digno às famílias e pressionar por controle externo efetivo. Ao se colocarem no território com  equipes de direitos humanos base do governo Lula sinaliza uma resposta que combina presença institucional, escuta e cobrança de transparência, em contraponto a uma política de segurança baseada em incursões de alto impacto letal.

Em um cenário em que corpos ficaram expostos no asfalto e moradores foram forçados a improvisar ritos de despedida, como a Fórum registrou em múltiplas frentes, a visita desta quinta-feira (30) busca transformar indignação coletiva em encaminhamentos concretos, das perícias independentes à responsabilização de agentes e mandantes.

 

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