TRADICIONAL FAMÍLIA BOLSONARO

Costa Neto expõe nova briga entre Carlos e Michelle Bolsonaro por vaga ao Senado em SC

Após ensaiarem aproximação, Carlos e Michelle protagonizam nova disputa no clã que foi exposta pelo presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, e envolve ainda a deputada Carol de Toni.

Carlos, Valdemar da Costa Neto e Michelle Bolsonaro.Créditos: Sergio Lima AFP / Flickr PL
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Após ensaiarem uma aproximação em meio à prisão domiciliar de Jair Bolsonaro (PL), para que possam conviver na mansão alugada pelo PL no condomínio Solar de Brasília, Carlos e Michelle Bolsonaro estão novamente em pé de guerra, desta vez pela vaga ao Senado em Santa Cataria.

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A nova briga foi exposta pelo presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, que vem se notabilizando por expor os podres do clã do ex-presidente enquanto se alinha com o Centrão em torno da candidatura de Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos).

Em declaração à coluna de Bela Megale, publicada nesta segunda-feira (6), Costa Neto confirmou a nova briga que se dá em torno da candidatura ao Senado em Santa Catarina.

Vereador no Rio de Janeiro há sete mandatos - ele foi eleito pela primeira vez em 2000, aos 16 anos -, Carlos Bolsonaro foi lançado pelo pai como candidato ao Senado por Santa Catarina e já tem feito incursões pelo Estado.

Para isso, Bolsonaro, o pai, rifou a candidatura da deputada Carol de Toni (PL-SC), uma fiel escudeira da família, que conta com o apoio de Michelle. Presidenta do PL Mulher, a ex-primeira-dama defende a candidatura de Carol para atrair os votos das mulheres.

Santa Catarina vai eleger dois senadores em 2026. No entanto, Costa Neto já se comprometeu com Espiridião Amin (PP) e não abre mão do compromisso assumido com um antigo aliado do Centrão.

"A Carol é querida pela Michelle e por todos nós, mas o Esperidião Amin também quer a vaga e o Bolsonaro já bateu o martelo que o Carlos vem por Santa Catarina. Até daria para termos ela e Carlos concorrendo simultaneamente, mas o Esperidião nunca faltou para nós, ele é da direita. Estamos vendo o que fazemos, cogitamos pedir para que o Jorginho Mello a coloque de vice", declarou Costa Neto, buscando compensar a deputada colocando-a como vice na tentativa de reeleição do governador.

Rixa antiga

A rixa entre Michelle e Carlos data desde as eleições de 2018, mas se aprofundou há cerca de um ano e meio, quando Michelle começou a criticar as lives presidenciais, coordenadas pelo filho".

"LIVE QUE NÃO TEM ACESSIBILIDADE @jairmessiasbolsonaro não merece curtida. Respeito pela comunidade surda", publicou nas redes à época, em indireta a Carlos.

Meses depois, com o cerco do Supremo Tribunal Federal (STF) ao gabinete do ódio, Jair chamou o filho, Carlos, para morar no Alvorada - uma estadia que durou cerca de seis meses.

O medo com que Alexandre de Moraes decretasse a prisão levou Carlos para dentro do Alvorada, contrariando Michelle, que teria tido um acesso de fúria. A convivência forçada aumentou o desgaste na relação entre os dois.

No entanto, Jair Bolsonaro costurou um acordo para hastear a bandeira branca na família durante a campanha eleitoral. Ele sabia que uma crise familiar implodiria o discurso pró-família, usado principalmente para manutenção do eleitorado evangélico.

Mesmo assim, as rusgas seguiram. Nas redes, Michelle alfinetou Carlos ao "esquecer" dele em uma foto do Dia dos Pais em que até mesmo Jair Renan estava presente.

A resistência inicial da primeira-dama em entrar na campanha, considerada fundamental para angariar votos no eleitorado feminino, também irritou Carlos.

Na reta final da campanha, o filho 02 assumiu o protagonismo, especialmente nos debates. Michelle montou agenda própria e fez campanha longe de Jair, que esteve acompanhado quase sempre de Carlos.

Outra briga protagonizada entre os dois ocorreu logo após a derrota de Jair nas eleições presidenciais em 30 de outubro de 2022.

Menos de 24 horas após o anúncio da vitória de Lula, Michelle e Jair deixaram de seguir um ao outro no Instagram, que foi propagada como nova crise do casal.

Em seguida, Carlos - coordenador de redes da campanha do pai e que, segundo Lemos tem as senhas dos perfis - parou de seguir a primeira-dama. 

Horas depois, Michelle publicou no seu Instagram uma mensagem em que negou os boatos sobre sua situação conjugal e, de quebra, ainda mandou uma indireta para o enteado Carlos.

"Esclarecendo a matéria de hoje sobre o meu marido ter deixado de me seguir em seu Instagram, conforme o Jair explicou em várias “lives” que administra essa rede não é ele. Eu e meu esposo seguimos firmes, unidos e crendo em Deus e crendo no melhor para o Brasil. Estaremos sempre juntos, nos amando “na alegria e na tristeza...” Que Deus abençoe a nossa amada Nação!”, escreveu a primeira-dama.

Em março deste ano, no entanto, MIchelle fez uma encenação com Jair Renan, Flávio e Carlos Bolsonaro, filhos das duas relações anteriores de Jair Bolsonaro.

A cena que aconteceu em cima do trio elétrico na avenida Paulista em 7 de março contrariou a relação conturbada da ex-primeira-dama com Jair Renan e Carlos, ambos expulsos de casa pelo pai por causa das brigas com a esposa "03".

Em seu discurso, Michelle chamou o trio de "três meninos do meu marido", pedindo para Flávio, Carlos e Jair Renan abraçar o pai.

"Faltando um", seguiu Michelle. "Faltando o Eduardo, faltando nosso Duda, que está longe, renunciando a sua vida, a vida de seus filhos pequenininhos que estavam na escola. Nós que somos pais, nós sabemos o quanto isso é importante", emendou a ex-primeira-dama, recebendo um afago de Carlos.

Aos pulinhos, Michelle terminou o drama mandando uma "força" para Eduardo, que deixou o mandato na Câmara e fugiu para os EUA por livre e espontânea vontade, onde conspira contra o Brasil.

O vídeo foi divulgado no perfil de Carlos Bolsonaro no Instagram, que marcou apenas Eduardo.

"Família tradicional"

Totem do bolsonarismo, a "família tradicional" - descrita no slogan "Deus, Pátria, Família e Liberdade" - não encontra respaldo dentro do próprio clã, que vive em pé de guerra nas relações de Jair Bolsonaro, que resultaram em cinco filhos, com três esposas.

Em entrevista em março desse ano a Alexandre Garcia, Michelle revelou a relação conturbada com Carlos, dizendo claramente que “não quer conviver” com o 02.

“A gente não se fala, mas é assim... Eu fui uma intercessora do Carlos, né? Eu assim, eu respeito, porque o Jair teve dois relacionamentos, e não deu certo, e ele tinha aquela questão por eu ser mais nova, 27 anos mais nova, então acho que ele não gostou muito... Ele tem o gênio dele, eu tenho o meu gênio, ele tem a verdade dele, eu tenho a minha verdade, mas eu não desejo nenhum mal pra ele, mas ele é uma pessoa que eu não quero conviver... Eu não tenho nenhum problema com ele, e o problema que nós tivemos no passado eu já perdoei, meu coração tá limpo em relação a isso, mas eu não sou obrigada a conviver, e a bíblia me dá esse respaldo... Não proíbo meu marido jamais de ter relacionamento com ele, jamais... Mas eu não consigo conviver... Então ele tem a liberdade de ver a Júlia, a netinha dele, a hora que ele quiser, de viajar juntos, vão pescar juntos, porque, enfim, é o filho dele e eu respeito... Eu não gostaria que fosse assim, mas ele tem o gênio dele e eu tenho meu também, e em algumas coisas eu não concordo e aí pra não ter problemas maiores, eu prefiro me afastar”, disse Michelle.

Filho de uma gravidez conturbada de Ana Cristina Valle, a esposa "02" de Bolsonaro, Jair Renan também viveu uma relação nada amistosa com Michelle e também com os irmãos, em especial Eduardo Bolsonaro.

Ex-vereadora no Rio, Rogéria Nantes Bolsonaro, mãe de Flávio, Eduardo e Carlos separou-se de Bolsonaro em meio ao romance do marido com Ana Cristina, que resultou na gravidez de Jair Renan.

À época, Bolsonaro emancipou o filho Carlos para, aos 16 anos, roubar o eleitorado da mãe e ser eleito para a cadeira do clã no legislativo carioca. Ana Cristina foi alçada à chefia de gabinete.

Em 2017, a Fórum divulgou em primeira mão o flagra feito pelo fotógrafo Lula Marques, que captou uma troca de mensagens entre Eduardo e o pai, então candidato à presidência da Câmara.

Coincidência - ou não -, Eduardo, que já era deputado, estava nos EUA, bem longe dos trabalhos legislativos. “Papel de filho da puta que você está fazendo comigo”, disparou Bolsonaro ao filho.

“Tens moral para falar do Renan? Irresponsável”, emendou o ex-presidente, sobre a relação entre os dois filhos. “Se a imprensa te descobrir ai, e o que está fazendo, vão comer seu fígado e o meu. Retorne imediatamente”, emendou, sem revelar o que o filho fazia nos EUA.

“Quer me dar esporro tudo bem. Vacilo foi meu. Achei que a eleição só fosse semana que vem", resmungou Eduardo, que completou sobre a comparação com o irmão. "Me comparar com o merda do seu filho, calma lá”.

Em entrevista à revista Playboy no ano 2000, Bolsonaro admitiu, ao responder sobre "legalização do aborto", que chegou a falar com Ana Cristina sobre a gravidez indesejada de Jair Renan.

Ao responder sobre "legalização do aborto", Bolsonaro afirmou que "tem de ser uma decisão do casal".

No entanto, indagado se já havia passado pela situação, ele mostrou Jair Renan, então com um ano e meio, e respondeu: "Já. Passei para a companheira. E a decisão dela foi manter. Está ali, ó".

Bolsonaro exigiu, de acordo com informações do livro “O negócio do Jair”, da jornalista Juliana Dal Piva, um exame de DNA para confirmar se o filho era realmente dele. Depois que o exame confirmou a paternidade, ele rebatizou o filho com seu nome.

Já presidente, Bolsonaro teve que resolver outra desavença familiar envolvendo Jair Renan, dessa vez com sua terceira esposa, Michelle Bolsonaro.

Segundo revelações feitas por Marcelo Luiz Nogueira de Santos, ex-funcionário do clã, Bolsonaro teve que alugar um apartamento para o filho, então com 16 anos.

Em entrevista a Guilherme Amado, Santos contou que Ana Cristina chantageava Bolsonaro para reassumir o comando do esquema das rachadinhas nos gabinetes de Carlos e Flávio Bolsonaro após ter sido demovida da função por suposta traição. 

Jair Renan teria sido usado pela mãe para pressionar o pai. Nesse sentido, a mãe estimulava um comportamento rebelde do 04, principalmente contra Michelle Bolsonaro.

"Jair Renan, que estava na adolescência, infernizava a mulher dentro de casa com rebeldias de adolescente. A Michelle era dona da casa e tinha regras, educação, e coisa e tal. E ele não aceitava, ele queria fazer o que quisesse", disse Nogueira.

"Era rebeldia de adolescente. O negócio ficou tão quente, tão quente, que não tinha nem como cobrar. Aí tu imagina o inferno que devia ser, né? Tanto que o negócio ficou tão quente, tão quente, que quando o Renan estava com 16 anos o pai dele alugou um apartamento lá do lado do condomínio para ele morar sozinho", completou.

"Ele [Jair Bolsonaro] alugou um apartamento lá e botou o garoto lá, pra tirar o Renan de dentro de casa porque o inferno era tanto", acrescentou.

Bebidas e eleição

A treta entre Jair Renan e Michelle chegou ao Palácio da Alvorada e provocou a ira de Bolsonaro, que teria quebrado a porta da adega da residência oficial após a ex-primeira-dama mandar trancar o local.

A ordem de Michelle teria sido dada após Jair Renan fazer incursões para furtar bebidas alcoólicas e levá-las embora, segundo informações do Metrópoles. 

Ao receber um convidado e pedir que servissem bebida, Bolsonaro teria ouvido dos funcionários que a adega havia sido trancada por ordens de Michelle, que não estava em casa naquele momento.

O ex-presidente, então, teria tido sido tomado por um acesso de fúria e na base da ‘voadora’ (golpes com os pés) arrombou a porta, para então entrar no local e pegar o vinho fino para presentear o visitante daquela noite.

Michelle e Jair Renan também chegaram a brigar publicamente nas redes sociais, por causa de Ana Cristina Valle.

Através o Instagram, Michelle mandou uma indireta para Ana Cristina, que é foi candidata a deputada distrital no DF pelo PP com o nome "Cristina Bolsonaro" em sua campanha. 

"Em Brasília, o meu irmão Eduardo Torres é o nosso único candidato ao cargo de deputado distrital. Não existe apoio a nenhum outro candidato. Fica o alerta para 'os alpinistas' que estão tentando subir na vida, usando o nosso sobrenome", escreveu a primeira-dama, desautorizando Ana Cristina, apesar não citá-la nominalmente. 

Jair Renan, então, tomou as dores da mãe e resolveu rebater a atual esposa de seu pai. "Minha mãe Cristina Bolsonaro teve uma história de vida com o atual Presidente Jair Messias Bolsonaro, onde foram casados por 16 anos, e sou fruto desta relação; onde houve parceria e muito amor. Portanto, não podemos negar o fato de que minha mãe teve sua contribuição com a chegada do meu pai à Presidência da República", disse.

"Por esse motivo, minha mãe tem direito de usar o sobrenome do meu pai, não por vaidade, mas por fato e direito", prosseguiu o filho de Bolsonaro. 

Após a treta, o filho "04" de Bolsonaro virou alvo de operação da Polícia Federal. A reação de Michelle nas redes deu o tom para como se dá a relação na "tradicional" família Bolsonaro: "Senhor, obrigada por mais este dia".
 

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