A troca de farpas via redes sociais entre o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (PSD) e o senador e presidente do PP, Ciro Nogueira, evidenciou que duas das principais figuras políticas da direita tem objetivos bem distintos e inconciliáveis, por enquanto, para 2026.
Após Ciro Nogueira ter dito, em entrevista publicada pelo jornal O Globo neste domingo (5), que somente dois dos nomes cogitados entre possíveis presidenciáveis da direita poderiam ter o apoio do ex-presidente, o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) e do Paraná, Ratinho Jr. (PSD), Caiado não gostou de ter seu nome excluído e reagiu nas redes sociais.
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"Quanto à decisão do presidente Bolsonaro, a respeitarei, qualquer que seja ela. E vale observar que todos nós que fomos 'vetados' por Ciro apoiamos Bolsonaro desde sua primeira eleição, diferente do senador, que teve uma posição ácida em relação ao ex-presidente", alfinetou Caiado, em uma extensão publicação. "Por fim, sugiro ao já quase ex-senador, que tenha mais moderação e mais respeito com os demais nomes que, democraticamente, colocam suas pré-candidaturas à avaliação popular."
Confronto de interesses
Aos 76 anos, Caiado não pode disputar a reeleição ao governo goiano porque está em seu segundo mandato e não mostra interesse na disputa pelo Senado. Contudo, como seu partido, União Brasil, e o PP agora formam uma federação, dificilmente os partidos concordariam em bancar uma candidatura presidencial que, até agora, não anima nas pesquisas.
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Nos cinco cenários da pesquisa Quaest realizada entre 12 e 14 de setembro, seu nome aparece em cinco cenários distintos e em quatro deles fica entre 4 e 6%. Apenas quando ele e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) são os únicos representantes da direita/extrema direita, consegue chegar a 12%, mesmo assim, distante do filho do ex-presidente, que anota 23%. Entre os nomes cogitados desse campo ideológico, está sempre numericamente atrás dos demais.
Paralelamente a isso, Ciro Nogueira busca um lugar na chapa de vice de uma eventual candidatura de Tarcísio de Freitas. Ele também tem dificuldades eleitorais na reeleição para o Senado em seu estado, o Piauí. Pesquisa divulgada pelo Instituto Real Time Big Data em 30 de setembro mostra o senador Marcelo Castro (MDB) com 28% das intenções de voto, seguido pelo deputado federal Júlio César (PSD), que tem 21%. Ciro Nogueira aparece numericamente na terceira colocação, com 18%, e está empatado tecnicamente com o parlamentar pessedista, já que a margem de erro do levantamento é de três pontos percentuais para mais ou para menos.
Saída pela direita
Diante desse cenário, Caiado já iniciou conversas com dois partidos para viabilizar seu sonho presidencial. Segundo o site Poder360, ele já conversou com integrantes da direção do Solidariedade, o que incluiria o deputado federal paulista Paulinho da Força e vai conversar com a presidenta do Podemos, a deputada federal de São Paulo Renata Abreu.
O deputado federal Glaustin da Fokus, presidente do Podemos em Goiás, disse ao site Mais Goiás que o Podemos tem interesse em receber o governador goiano, e uma reunião estaria agendada para 18 de outubro. "Nós conseguimos antecipar o que ocorreria com o nosso governador em relação ao partido, sobretudo após a federação de União Brasil com o PP. O Ciro está trabalhando fortemente para ser vice-presidente do Brasil, independente de qual projeto”, disse o parlamentar à coluna do jornalista Domingos Ketelby.
Caiado diz já ter passado por situação similar. "Se em 1989 o PDS não quis me dar a legenda e eu em pouco tempo fiz o PSD, por que agora não vou conseguir ter um partido para concorrer ao Planalto? Já está decidido e eu vou ser candidato a presidente em 2026”, pontuou o governador de Goiás ao Poder360.
A referência de Caiado é a sua candidatura presidencial em 1989. Sem espaço no então PFL e depois no PDC, foi para o PSD (que não tem relação com a sigla atual), em julho daquele ano. A legenda tinha sido recriada em 1987 pelo ex-ministro das Minas e Energia do governo de João Baptista Figueiredo, César Cals. A intenção inicial era lançar o próprio Figueiredo candidato, mas ele desistiu. Em seguida, a legenda foi atrás de Jânio Quadros, que também desistiu em maio, menos de um mês da sua filiação. Sobrou o então presidente da UDR para representar a sigla na disputa presidencial.
O candidato do PSD não empolgou o eleitorado brasileiro, que lhe concedeu em 15 de novembro de 1989 somente 0,72% dos votos válidos em todo o país. Foi o décimo colocado na corrida.