O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez suas primeiras falas sobre a conversa entre os líderes Lula e Donald Trump, um dia após a primeira ligação entre os presidentes. Ele considera que a conversa é um sinal de “distensionamento” na relação entre os dois países e reforça confiança na diplomacia brasileira.
Haddad ainda anunciou uma nova conversa com o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, responsável pela aplicação da Lei Magnistisky, usada para sancionar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a esposa dele, Viviane Barci, e os filhos.
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“Com essa aproximação desde o encontro da ONU e agora o telefonema de ontem, pode ser que encontremos espaço para uma nova conversa com o Scott Bessent”, disse Haddad, referindo-se ao secretário do Tesouro norte-americano. “Vai distensionar, abrir espaço para uma conversa franca e produtiva. As informações vão chegando com mais veracidade ao governo americano”, completou.
Ele ainda desprendeu elogios ao Ministério das Relações Exteriores (MRE), o Itamaraty, e ponderou que o governo pretende manter a estratégia diplomática de demonstrar que as tarifas impostas por Washington prejudicam a própria economia norte-americana.
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“O papel do ministério é oferecer os melhores argumentos econômicos para demonstrar inclusive que o povo dos EUA está sofrendo com o tarifaço. Estão pagando café e carne mais caros”, complementou.
Imposto de Renda e foco fiscal
Haddad também comentou a recente aprovação do projeto de isenção do Imposto de Renda (IR) para trabalhadores que ganham até R$ 5 mil mensais, classificando a medida como um “ovo de Colombo” criado dentro da equipe econômica.
“Parece fácil depois que foi posto de pé, mas deu muito trabalho. Foram quatro secretários envolvidos na formulação da proposta”, explicou.
O ministro destacou ainda o placar unânime da votação na Câmara dos Deputados, afirmando que “seria muito difícil um deputado apertar o botão contra essa proposta”, e disse esperar aprovação no Senado Federal ainda em outubro.
Haddad ressaltou que o governo deve encerrar 2025 com resultado fiscal melhor que os dois últimos governos, além de inflação e desemprego em queda.
“O Congresso tem sido sensível. O debate é acalorado, mas no fim se chega a um acordo. É o que tem acontecido de 2023 para cá, por isso vamos entregar um resultado fiscal melhor que os dois últimos governos no Brasil”, disse.
Bebidas, Ferrogrão e futuro político
Questionado sobre a crise das bebidas adulteradas, Haddad afirmou que o Sicoob “não tem absolutamente nada a ver com a qualidade do que é embasado”, tratando-se apenas de uma questão fiscal relacionada à produção e preços em larga escala.
Sobre o projeto Ferrogrão, o ministro disse não ver “indisposição” da ministra Marina Silva com grandes obras de infraestrutura e defendeu equilíbrio entre “pessoas, economia e meio ambiente”.
Ao ser perguntado sobre a possibilidade de disputar o governo de São Paulo em 2026, Haddad negou. “Não pretendo ser candidato no ano que vem. Creio que posso ajudar de várias outras maneiras o presidente Lula. Acho muito importante o trabalho que o presidente tem feito de resgate da cidadania no Brasil”, afirmou.
O ministro afirmou ainda que deve discutir com Lula como pode colaborar melhor com o governo, destacando que a gestão deve “entregar a menor inflação em quatro anos”.
