ELEIÇÕES 2026

Tarcísio ameaçou não ser "anti-Lula" para barrar taxação aos ricaços; Ciro leva fatura a Bolsonaro

Um dia antes, durante a comissão mista, Tarcísio deu chilique dizendo que não seguraremos Lula com vocês dando condições para que ele seja reeleito. Estratégia, articulada com Ciro Nogueira, Rueda e Lira, é aceno à Faria Lima e mídia liberal.

Antonio Rueda, Tarcísio de Freitas e Ciro Nogueira, que entregará fatura a Bolsonaro.Créditos: Flickr Progressistas / Vídeo Rede X
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Enquanto busca blindar o PCC nas investigações sobre as bebidas batizadas com metanol em São Paulo, o governador Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) disparou ameaças aos deputados do Centrão ameaçando não encampar a candidatura "anti-Lula", desejada pela terceira via, caso a Medida Provisória 1303/25, para taxar bilionários, bancos e bets passasse no Congresso Nacional.

Informações de bastidores obtidas pela Fórum mostram que Tarcísio deu um chilique um dia antes da MP ser retirada de pauta por 251 votos favoráveis e 193 contrários, durante a sessão no plenário da Câmara na noite desta quarta-feira (8).

Durante a votação da proposta do relator, Carlos Zarattini (PT-SP), na comissão mista ocorrida na terça-feira (7), Tarcísio disparou ameaças dizendo que não seria candidato à Presidência caso a Câmara aprovasse a chamada MP do IOF.

Segundo apurou a Fórum, em nome da Faria Lima, o governador paulista afirmou aos aliados do Centrão que "não seguraremos Lula com vocês dando condições para que ele seja reeleito". 

A estratégia, que colocou Tarcísio no centro da guerra fiscal declarada ao governo, foi articulada com os presidentes do PP e União Brasil, Ciro Nogueira e Antonio Rueda, e contou com a participação de Arthur Lira (PP-AL). A negociata ainda teve aval de Gilberto Kassab, presidente do PSD e assessor do governador Paulista, e Marcos Pereira, que comanda o Republicanos, partido de Tarcísio.

O resultado apertado, com a MP sendo aprovada por 13 votos favoráveis e 12 contra na comissão, mostrou que as ameaças de Tarcísio deram resultado e seria repetida no plenário um dia depois.

O acordo para livrar os ricaços e armar uma bomba fiscal para explodir no colo de Lula em 2026 teve início justamente em conversas com Lira em torno do PL que isentou brasileiros que ganham até R$ 5 mil do Imposto de Renda.

Relatado por Lira, o PL foi aprovado por unanimidade na Câmara e foi considerado "um passo histórico" por um Lula, que terá como mote de campanha em 2026 o fato que isentou os brasileiros do IR e taxou os ricaços.

Para evitar um novo desgaste, após o povo tomar as ruas contra a PEC da Bandidagem, o acordo foi não mexer na isenção do IR e sim do outro lado, blindando os ricaços na MP do IOF, enfatizando a narrativa do governo que aumenta impostos.

O cálculo ainda leva em conta a bomba fiscal de até R$ 45 bilhões que seria instalada no orçamento de 2026, comprometendo a pauta de Lula, que prevê novas ações sociais até as eleições, como a tarifa zero no transporte público. 

O aperto fiscal, na visão do Centrão, ainda obrigaria o governo a cortar investimentos em áreas como saúde e educação, agradando a Faria Lima e a mídia liberal, que defendem ainda que Lula coloque um freio no aumento real do salário-mínimo e nas aposentadorias.

Nesta quinta-feira (9), caberá a Ciro Nogueira levar a fatura para Jair Bolsonaro (PL). Artífice do acordo, o senador foi autorizado por Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a visitar o ex-presidente na mansão onde cumpre prisão domiciliar nesta quinta-feira (9).

Nogueira deve ter uma conversa franca com Bolsonaro, mostrando que seu ex-chefe na Casa Civil deve sepultar qualquer tentativa de escalar alguém do clã - em especial Eduardo Bolsonaro (PL-SP) - na disputa presidencial em 2026.

Na conversa, o presidente do PP, que articula para sair de vice na chapa de Tarcísio, deve alertar Bolsonaro de que deve finalmente ungir Tarcísio como candidato da direita unificada contra Lula em 2026.

Em contrapartida, Nogueira vai prometer a Bolsonaro que ele não será levado para a Papuda, com a articulação em torno do PL da Dosimetria, e ganhará o indulto da condenação por tentativa de golpe caso Tarcísio seja eleito. E que, para o grupo voltar à Presidência, se incumbirá de implantar novas pautas-bombas para Lula no Congresso.
 

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