O senador Fabiano Contarato (PT-ES) foi eleito presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que vai investigar o crime organizado. A votação aconteceu nesta terça-feira (4), quando foram abertos os trabalhos após determinação do presidente da casa, Davi Alcolumbre (União-AP).
Ex-vice-presidente e general da reserva, o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) foi derrotado na disputa. Mas, recebeu como consolação — em proposta feita pela senadora Damares Alves (Republicanos-DF) — a "vice-presidência", cargo que não existe em comissões parlamentares de inquérito.
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A eleição de Contarato para comandar a CPI é mais uma vitória do governo Lula, já o tema está sendo pautado pela ultradireita em uma antecipação da disputa presidencial em 2026. O senador petista é delegado aposentado da Polícia Civil do Espírito Santo e professor de Direito Penal, tema que domina.
Ao assumir o cargo, Contarato destacou que a CPI deve ir além de questões políticas, citou a ação desencadeada no Rio de Janeiro, que resultou em 121 mortes nas comunidades da Penha e do Alemão, e homenageou os policiais mortos com um minuto de silêncio.
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O presidente também ressaltou que o que existe na segurança pública hoje é um “improviso” quando o assunto é buscar soluções.
“Essa não deve ser uma CPI de esquerda ou de direita. O que o povo brasileiro espera de nós é altivez, seriedade e compromisso com o bem mais precioso que deve ser protegido: a vida. Precisamos virar a página deste modelo de segurança pública que é marcado pelo improviso, pela desarticulação entre os entes federativos e pela ausência de coordenação nacional”, afirmou.
A relatoria ficou com o senador Alessandro Vieira (MDB-SE). A CPI, que é composta por 11 parlamentares e tem duração de quatro meses, irá investigar a estrutura, a expansão e o modo de operação de organizações criminosas em todo o território nacional, com foco em facções e milícias. A CPI tem duração inicial de 120 dias (4 meses), com possibilidade de prorrogação por mais 60 dias.
A homenagem ao Rio de Janeiro
O senador Contarato pediu um minuto de silêncio para homenagear os quatro policiais mortos na Operação Contenção, que ocorreu no Rio de Janeiro na semana passada, sob ordem do governador Cláudio Castro (PL-RJ). Foram, então, celebrados postumamente os agentes Marcos Vinícius Cardoso, Rodrigo Veloso, Cleiton Serafim e Éber Carvalho.
Contarato explicou, antes do minuto de silêncio, que pensa nas famílias dos agentes mortos em confrontos, em detrimento da realidade contrastante que vivem — enquanto combatem a criminalidade, muitas vezes esses policiais ganham pouco e não tem acesso a armamentos e equipamentos como colete a prova de balas. Também ressaltou que se solidariza com os policiais feridos e suas famílias.
“Eu queria aqui fazer um registro, porque me dói quando eu vejo assim policiais mortos em confrontos, porque eu fico imaginando aquela família. Às vezes você vê, senador Márcio Bitá, um soldado da Polícia Militar que tem que conviver às vezes num local de alto índice de vulnerabilidade social e criminalidade, ganhando um pifo salário sem nenhuma condição, às vezes sem armamento, sem colete, sem nada”, iniciou Contarato. “Em nome deles, eu quero aqui estender minha solidariedade a todos os as famílias de policiais que foram vítimas, mas não só aqueles que foram vítimas fatais, porque existem vários, dezenas, que ainda sofreram e estão nos hospitais. Eu volto a falar, eu acredito numa punição que seja contundente de acordo com o mal praticado”, completou.
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