A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) teria sido humilhada por Jair Bolsonaro em uma reunião com membros do PL realizada na manhã deste sábado (1) em Brasília, antes das eleições na Câmara e no Senado que definiram os novos presidentes das duas casas.
Segundo o jornalista Igor Gadelha, do site "Metrópoles", Bolsonaro teria "esculachado" Zambelli no início da reunião, quando a deputada teria tentado se aproximar para dirigir palavras a ele. Irritado, o ex-presidente teria proferido palavrões e afastado a parlamentar, argumentando que os dois não poderiam manter diálogo, por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), por serem investigados no mesmo inquérito.
Te podría interesar
Bolsonaro, indiciado no inquérito da tentativa de golpe de Estado, não pode se comunicar com outras pessoas investigadas pelo caso. Zambelli, por sua vez, teve seu mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) e condenada à inelegibilidade por 8 anos. Ainda cabe recurso.
Além disso, nesta sexta-feira (31), Carla Zambelli foi alvo de um pedido de condenação da Procuradoria-Geral da República (PGR) encaminhada ao STF no âmbito do processo em que é ré por invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e deve ser presa.
Te podría interesar
PGR pede condenação de Zambelli; entenda
Além de ter sido cassada pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) e condenada à inelegibilidade por 8 anos, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) pode ser presa.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta sexta-feira (31), a condenação de Zambelli e do hacker Walter Delgatti pelos crimes de invasão de sistema informático e falsidade ideológica. Os dois são réus por envolvimento na invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), onde foi inserido um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes, assinado como se tivesse sido emitido pelo próprio magistrado.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, também solicitou ao STF que seja aplicada uma agravante do Código Penal que aumenta a pena caso a invasão tenha causado prejuízo econômico. Segundo ele, a atuação de Zambelli teve o objetivo de desacreditar o Judiciário para obter vantagens políticas.
A PGR apresentou elementos que indicam a participação ativa da deputada na elaboração e circulação dos documentos falsificados. Durante buscas, foram encontrados arquivos nos dispositivos de Zambelli idênticos aos localizados no computador de Delgatti, incluindo a ordem de quebra de sigilo bancário falsa de Moraes e o mandado de prisão fraudulento.
Um dos arquivos foi acessado por Zambelli apenas 22 segundos após sua criação por Delgatti, o que, segundo a PGR, demonstra um repasse imediato do documento. Em outro caso, um arquivo com uma decisão fraudulenta determinando o bloqueio de R$ 22,9 milhões de Moraes foi acessado por ela 18 horas depois da criação.
Zambelli nega envolvimento no caso. Walter Delgatti, entretanto, confessou, em depoimento à PF, que foi contratado por Zambelli para invadir o sistema do CNJ.
Relembre o caso
Em maio de 2024, primeira turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu por unanimidade aceitar a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) e tornar réus a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e Walter Delgatti Neto, o “Hacker de Araraquara”, pela invasão dos sistemas digitais do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A dupla vai responder pelos crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica.
A PGR já tinha oferecido a denúncia em abril daquele ano, apoiada pela investigação da Polícia Federal. Na denúncia, Delgatti é apontado como o executor das invasões de sistemas digitais e inserções de documentos falsos. Ele afirmou em depoimento ter sido contratado por Zambelli, que é tratada como a mentora e mandante do delito.
Em 4 de janeiro de 2023, Delgatti teria entrado no sistema do CNJ a mando de Zambelli para inserir documentos e informações falsas. Entre as últimas revelações do episódio, foi inserido um alvará de soltura falsificado de Sandro Louco, líder do Comando Vermelho condenado a 200 anos de prisão pelos crimes de falsificação, roubo, homicídio, latrocínio, sequestro e cárcere privado e porte de arma de fogo.
A ideia seria colocar a soltura do criminoso na conta do ministro Alexandre de Moraes, principal alvo dos bolsonaristas e seus planos golpistas no Judiciário. Além disso, Zambelli tinha a intenção de adicionar ao sistema um mandado de prisão falso contra Moraes, com uma assinatura falsificada no nome do magistrado.
O mandado de prisão foi enviado do computador de Delgatti para Zambelli, que abriu o documento. Ambos também trocaram outro arquivo, que teria uma outra falsa ordem de quebra sigilo bancário contra Moraes, segundo a PGR. Eles agora respondem pelos crimes.