Às vésperas do ato em Copacabana, no Rio de Janeiro, em que busca uma foto de apoio popular para pedir mais sanções à "ditadura" no Brasil, Jair Bolsonaro (PL) falou em "sinalizações" de fora do país, citando Donald Trump, para uma intervenção e aumentou, novamente, o tom das críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) em entrevista ao FlowPodcast, que já foi vista por mais de 1,6 milhões de pessoas.
Buscando incitar a horda de apoiadores criando um cenário fictício de terror no país, Bolsonaro delira sobre liberdade de expressão, usando como exemplo os levantes que comandou contra a vacinação e contra as urnas eletrônicas.
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"Se a gente discutir vacina aqui, nós podemos ter problemas amanhã, se discutirmos urna também. Agora Bíblia você pode criticar à vontade, sem problema nenhum. Ou seja, o que os caras querem - que se chama sistema, establishment - é os caras que querem continuar mandando no Brasil", afirmou para em seguida vestir a pele de cordeiro ao dizer que "não fui um presidente autoritário".
"Eu sofria uma ação do Supremo por semana, chateado às vezes, mas cumpria", emendou, esquecendo que afrontou o poder judiciário infinitas vezes - e segue fazendo o mesmo.
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Ao traçar o cenário, o ex-presidente delira sobre liberdade de expressão dizendo que "a própria Gleisi Hoffmann elogiou o ministro Alexandre de Moraes, que é a pessoa que mais impõe a censura no Brasil" e apela a Trump para acabar com a "ditadura", comparando o país ao Iraque, de Saddam Hussein, e da Uganda, de Idi Amin.
"Ninguém vai ficar o tempo todo mandando. Até os ditadores Amin Dada, Sadam Hussein, todo mundo caiu um dia. Toda ditadura, quando vai passar para outros ditadores, chega um dia que chega a um ponto final. Aqui nós estamos em um ponto, no meu entender, de quase de parar. No meu entendimento, nós brasileiros não temos condições de resolver nossos problemas de liberdade dado ao ponto que chegou. Então, a gente precisa de sinalizações de fora do Brasil, que estão acontecendo com a vitória de Donald Trump nos EUA. Lá a primeira emenda fala de liberdade de expressão", diz.
Bolsonaro ainda comete um ato falho e fala em "tomada de poder" no 8 de Janeiro ao dizer que o processo em que foi denunciado por tentativa de golpe é "forçação de barra".
"Se tivesse um movimento armado, com uma liderança, com alvo objetivo, com tropas. Ai você poderia dizer que teve início uma tomada de poder, que seria o 8 de Janeiro, quando já estava constituído o presidente. Agora, você vai dar o golpe no domingo? Fala em luta armada e a única coisa que acharam foi um estilingue com bolinha de gude. Uma forçação de barra. No outro dia estavam todos os governadores em Brasília e o Lula sendo cumprimentado pelo mundo todo que salvou nossa democracia".
Mais adiante, Bolsonaro eleva o tom nas críticas ao judiciário ao falar da "Lava Toga", como foi classificada a tentativa de aliados no Congresso de instalar uma CPI para investigar o judiciário.
"O que a gente esperava naquele momento é que o Supremo se contivesse. Agora você não tem quórum para levar adiante dentro da Câmara e do Senado uma CPI dessa. Então eu costumo entrar em briga quando se tem chance de vitória. Quando você não tem, não vamos nos desgastar por nada. A gente vai se desgastar mais ainda com o poder judiciário por nada? E você pode ver, no poder judiciário tudo se acerta ali e o Supremo realmente extrapolou e ainda continua sem controle", afirmou.