A velha estratégia de levar "Adélio" ao topo dos assuntos nas redes e incitar a horda bolsonaristas em momentos ruins para o clã foi sacada da cartola na noite desta sexta-feira (11) por Michelle Bolsonaro (PL) ao divulgar uma conversa com Jair Bolsonaro (PL), que está internado em Natal, no Rio Grande do Norte.
Bolsonaro teria tido constipação ainda por efeito da facada, segundo o médico Antônio Luiz Macedo, e foi internado quando viajava para o interior do Rio Grande do Norte, em caravana que começou flopada, para divulgar a pauta da "anistia" - uma das formas de livrá-lo da cadeia pela ação golpista.
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Após o marido divulgar foto internado no Hospital Rio Grande - outra antiga tática para causar comoção entre apoiadores -, Michelle divulgou imagem de conversa em vídeo e deu sequência à estratégia.
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"Nossa vida nunca mais foi a mesma depois do fatídico 6 de setembro de 2018 - quando um ex-psolista atentou contra a vida do meu marido", afirmou Michelle, referindo-se à facada desferida por Adélio Bispo dos Santos para politizar a mais recente internação do marido.
"Para alguns, desprovidos de inteligência e bom senso, tudo não passou de uma farsa, por ele ter tido hemorragia interna - chegando a ponto de desacreditar até mesmo a equipe médica que prestou os primeiros socorros em Minas Gerais", seguiu a ex-primeira-dama, ceivando ódio entre apoiadores radicais do ex-presidente.
Médicos oncológicos
A internação de Jair Bolsonaro (PL), que foi levado para o Hospital Rio Grande, em Natal, após passar mal e procurar o atendimento de urgência em Santa Cruz, no interior do Rio Grande do Sul, segue envolta em alguns mistérios sobre o real estado de saúde.
No início da noite desta sexta-feira (11), ao divulgar o segundo boletim médico, o hospital Rio Grande afirma que Bolsonaro "permanece hospitalizado, sob os cuidados da equipe médica e multiprofissional do Hospital Rio Grande, com acompanhamento clínico contínuo e supervisão direta da equipe cirúrgica composta pelos Drs. Élio Barreto e Leonardo Barreto".
Elio e Leonardo Barreto são cirurgiões oncológicos, ramo da medicina especializado no tratamento do câncer. Os dois médicos são irmãos e têm uma clínica especializado no tratamento oncológico na capital potiguar.
"Há 12 anos sou CIRURGIÃO ONCOLÓGICO, especialidade que exerço diariamente com paixão e dedicação, na companhia de Elio Barreto, meu irmão e ídolo", escreveu Leonardo Barreto no Instagram, onde se revela um seguidor radical de Bolsonaro.
Em entrevista durante a divulgação do boletim médico, Luiz Roberto Leite Fonseca, diretor médico, afirmou que um andar inteiro do Hospital Rio Grande foi reservado para Bolsonaro "por questões de segurança".
Antônio Luiz Macedo
Nesta sexta-feira, em entrevista à CNN, Antônio Luiz Macedo, não descartou uma nova cirurgia e fez suspense sobre o quadro de saúde de Bolsonaro, a quem acompanha desde o episódio da facada, em 2018.
"Bolsonaro já fez comigo cinco cirurgias abdominais, três extremamente delicadas, extremamente graves, que foram cirurgias demoradíssimas, e mais duas que foram menores”, disse Macedo.
Em seguida, ele não descartou nova intervenção. “Do jeito que eu vi, como as coisas estão sendo levadas hoje, eu não descarto a possibilidade dele ter que ser encaminhado aqui para São Paulo, para que o doutor Leandro Echenique, que é o clínico dele em todas as cirurgias e eu possamos fazer o trabalho de socorrer o presidente”, afirmou.
Internação
Nesta sexta-feira (11), dia em que o Supremo Tribunal Federal (STF) publicou o acórdão da decisão da primeira turma que o tornou réu, Jair Bolsonaro foi internado às pressas em um hospital na cidade de Santa Cruz, no Rio Grande do Norte.
O ex-presidente sentiu "fortes dores em decorrência da facada que sofreu em 2018" e foi à emergência do hospital procurar atendimento médico.
Bolsonaro sentiu "indisposição" quando estava na estrada. Pessoas próximas teriam dito que "ele vinha sofrendo de obstrução intestinal há alguns dias". Bolsonaro está sendo transferido para Natal.
Réu oficialmente
A internação de Bolsonaro aconteceu horas após o Supremo Tribunal Federal (STF) publicar o acórdão da decisão da primeira turma, que tornou o ex-presidente e outros sete comparsas do núcleo "crucial" da organização criminosa réus por tentativa de golpe.
Com a publicação do acórdão, os réus terão cinco dias para apresentarem as defesas prévias, expondo argumentos e indicando testemunhas. Na prática, o documento dá a largada para o julgamento do mérito da ação criminal.
O acórdão mostra que a denúncia feita pelo Procurador-Geral da República (PGR), Paulo Gonet, foi integralmente recebida pela primeira turma.
Dessa forma, a decisão transformou em réus o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem, o ex-comandante da Marinha Almir Garnier, o ex-diretor da Polícia Federal Anderson Torres, o ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid, delator do caso, o ex-ministro da Defesa, Pualo Sérgio Nogueira, e o general Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e ex-ministro da Defesa.
Segundo o acórdão, eles responderão pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima, e deterioração de patrimônio tombado.
Bolsonaro ainda responde por ser o líder da organização criminosa golpista.
Após os réus apresentarem as defesas, as testemunhas serão ouvidas e, em seguida, acontece o interrogatório dos acusados. Será quando Bolsonaro e seus cúmplices sentarão no banco dos réus.
Em seguida, Alexandre de Moraes, relator do caso, fará seu parecer e dará seu voto. Ele também poderá pedir a inclusão do caso na pauta para que se dê a votação dos demais ministros da primeira turma.