CABO FRIO

Prefeito de Cabo Frio é alvo de ação da PF por contratar atores para espalhar fake news

O bolsonarista Dr. Serginho é alvo da Operação Teatro Invisível 2, que ainda envolve outros políticos do PL e partidos aliados

Dr. Serginho, o prefeito de Cabo Frio, está entre os investigados.Créditos: Reprodução de vídeo
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O prefeito de Cabo Frio (RJ), Dr. Serginho, do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foi alvo na manhã desta quarta-feira (16), da operação Operação Teatro Invisível 2, da Polícia Federal (PF). A ação investiga uma rede de atores contratados para espalhar fake news durante o período eleitoral.

Os atores eram contratados para encenar diálogos falsos em locais de muita circulação com o eleitorado. A investigação aponta que eles teriam sido pagos com dinheiro público de contratos de serviços inexistentes.

Agentes da PF cumprem 10 mandados de busca e apreensão. Além do Dr. Serginho (PL), também sofrem mandados têm mandados os candidatos a prefeito derrotados em 2024: o deputado estadual Valdecy da Saúde (PL), de São João de Meriti, e Aarão (PP), postulante em Mangaratiba. Além deles, Rubão (Podemos), que disputou sub judice em Itaguaí, ficou em 1º, mas foi impedido de tomar posse, é outro alvo.

A Justiça ainda determinou o bloqueio de R$ 3,5 bilhões e a suspensão das atividades econômicas de oito empresas ligadas aos investigados.

O Teatro Invisível

Na primeira fase da Operação Teatro Invisível, a PF cumpriu quatro mandados de prisão preventiva e 15 mandados de busca e apreensão em São João do Meriti, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (12).

A ação dos agentes da PF visa desmantelar uma organização criminosa que fornece "fofoqueiros" a candidatos a prefeito em pelo menos 10 cidades fluminenses para atuarem nas campanhas eleitorais.

Segundo a PF, o grupo criminoso fornecia pessoas que eram contratadas pelos candidatos para propagar informações e notícias falsas sobre adversários nas cidades.

"Tais contratados, após receberem as instruções dos coordenadores acerca da propagação de notícias falsas sobre um determinado candidato à Prefeitura Municipal, passavam a circular diariamente pelo município alvo, infiltrando-se em locais com aglomerações de pessoas como pontos de ônibus, padarias, filas de bancos, bares e mercados, difundindo aos eleitores falsas afirmações sobre um determinado postulante ao cargo de prefeito, no intuito de beneficiar o candidato para o qual o serviço criminoso fora contratado", diz a nota da PF.

Os líderes da organização, de acordo com a PF, já ocuparam cargos públicos em diversas cidades e desenvolveram "um sofisticado e lucrativo esquema baseado na contratação de pessoas com o objetivo de influenciar no processo eleitoral".

"Apurou-se que os atores contratados, propagadores das informações falsas recebiam R$ 2 mil por mês para exercer tal função, e que os coordenadores da empreitada criminosa recebiam dos líderes da organização a quantia mensal de R$ 5 mil, além de serem contratados pela própria Prefeitura Municipal. No ano eleitoral, quando o esquema entrava em vigor, os coordenadores eram exonerados de seus cargos e substituídos por 'laranjas' – possíveis funcionários fantasmas –, a fim de manter o 'direito' sobre eles", diz a PF.

O "sofisticado" esquema, ainda de acordo com os agentes federais, possuía até mesmo uma tabela para medir o impacto das fofocas na campanha e nas pesquisas eleitorais.

"A 'campanha' de propaganda criminosa possuía um processo de aferição de resultado incluído no seu planejamento por meio da elaboração de relatórios diários das atividades, com a especificação da quantidade de eleitores abordados por dia, número de votantes em cada candidato e o total de eleitores convertidos para o candidato beneficiário do esquema criminoso".

Os autores vão responder por organização criminosa, desvio de funcionários públicos para a atuação no grupo criminoso, utilização de “laranjas” para burlar incompatibilidades com o exercício da função pública, lavagem de dinheiro, constrangimento ilegal de servidores (assédio eleitoral), além de crimes ligados à difusão de notícias falsas e/ou desinformação, previstos no Código Eleitoral.

"Os quatro investigados, alvos dos mandados de prisão preventiva, estão presos e serão encaminhados à Superintendência da PF no Rio de Janeiro", informou a PF.

Financiamento

A 2ª fase da Operação Teatro Invisível investiga o financiamento das encenações. Segundo a PF, os atores eram pagos com o dinheiro de contratos genéricos firmados entre prefeituras com aquelas 8 empresas.

O grupo é suspeito de obstrução de justiça, caixa 2, fraude em procedimentos licitatórios e lavagem de dinheiro. Além disso, a PF descobriu que o grupo destruiu provas que poderiam incriminar seus integrantes.

“Além disso, observou-se que alguns dos investigados são proprietários de empresas que fraudaram o caráter competitivo de procedimentos licitatórios em quatro municípios RJ (Cabo Frio, Itaguaí, Mangaratiba e São João de Meriti)”, disse a PF.

“Há novas provas contundentes de atos de lavagem de dinheiro praticados de maneira sistemática pela organização criminosa. O esquema incluía transações ilegais por meio de contas de passagem, uso de dinheiro em espécie, empresas com vasta atividade econômica e a aquisição de bens de alto valor”, completou.

Se condenados pelos crimes cometidos, os investigados podem pegar penas de até 27 anos de reclusão.

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