ANISTIA PARA GOLPISTAS

Zarattini: deputados do centrão que assinaram anistia "prejudicam a si próprios"

Em entrevista ao Fórum Onze e Meia, deputado defendeu mais ação da esquerda para dialogar com estes parlamentares

Deputado federal Carlos Zarratini (PT-SP).Créditos: Roque de Sá/Agência Senado
Escrito en POLÍTICA el

O deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP) esteve no Fórum Onze e Meia desta quarta-feira (16) e comentou o movimento em defesa de anistia aos golpistas de 8 de janeiro. Na última semana, parlamentares bolsonaristas conseguiram as assinaturas necessárias para tramitação do PL na Câmara dos Deputados e agora pressionam para aprovação do pedido de urgência. 

Na avaliação de Zarattini, é preciso que o campo progressista reforce sua atuação contrária à anistia com ações mais efetivas, como diálogo direto com deputados do centrão que assinaram o projeto. Para o deputado, é preciso mostrar que esses parlamentares "prejudicam a si próprios" ao defenderem perdão aos golpistas. 

O deputado acredita que é necessário que o governo faça o trabalho de dialogar com cada deputado, principalmente com os líderes. "Não é uma questão de enquadramento, é uma questão de convencimento, de debate político, de mostrar para esses que assinaram que eles estão, em primeiro lugar, prejudicando o processo democrático brasileiro, porque vão dar aval a uma tentativa de golpe. E, em segundo lugar, prejudicando a si próprios, porque, na medida que eles fortalecem o bolsonarismo, perdem voto para os candidatos bolsonaristas", afirmou Zarattini. 

O parlamentar avaliou que, enquanto o campo da esquerda continua ocupando o mesmo espaço político, quem perdeu lugar foram os partidos de centro, como PSDB, MDB, DEM que virou PFL, depois União Brasil e, agora, já vão se juntar ao PP. "A crise se dá no centro, eles é que perderam espaço para a extrema direita", disse de deputado.

"Quanto mais eles fazem isso, mais eles perdem espaço político, porque os bolsonaristas avançam eleitoralmente em cima deles", acrescentou. 

Zarattini também analisou a defesa de alguns políticos em relação à diminuição das penas aplicadas aos golpistas julgados. O deputado reforçou a gravidade dos ataques ocorridos no dia 8 de janeiro, que faziam parte de um plano maior do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como ficou comprovado pela denúncia da PGR, e outros aliados políticos. O parlamentar ainda destacou a armação feita para assassina o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes. 

"Hoje, a população tem clareza disso: 52% querem Bolsonaro preso; 61% da população acham que as penas ou são adequadas ou deveriam ser maiores ainda. Então, a população brasileira tem clareza de que golpe não é bom, que a ditadura militar não é boa", avaliou Zarattini. 

No entanto, o deputado ressaltou que a militância bolsonarista é "muito organizada para atuar na internet" pressionando os deputados para assinarem o requerimento de urgência da anistia, enquanto o campo progressista não teve a mesma atuação.  

A nossa militância fica falando na própria bolha, onde todo mundo é sem anistia, mas nós precisamos ir para cima deles. Nós precisamos ir no WhatsApp deles, dos deputados que assinaram, na rede social dos deputados que assinaram, para que eles retirem as assinaturas, para que eles não deem o voto se for necessário votar", defendeu Zarattini.

"Precisamos ir para cima do Hugo Motta, dos líderes partidários, para que a gente evite que esse projeto prossiga. Então, falta à nossa militância uma orientação", ressaltou o deputado.

Cassação de Glauber Braga

Zarattini também comentou sobre a aprovação, no Conselho de Ética, da cassação do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), que está em greve de fome desde a última quarta-feira (9), após a votação. 

O parlamentar reforçou que a cassação é "desproporcional" e relembrou que tiveram outros casos de agressão em que não foi dada a mesma punição. "Houve processos que sequer foram iniciados no Conselho de Ética. Eu acredito que isso deve ser revisto e Glauber não seja cassado", disse.

Zarattini lembrou que Glauber apenas revidou uma agressão de Gabriel Costenaro, membro do Movimento Brasil Livre (MBL), que perseguia há meses o parlamentar e a família dele.

"Ele foi agredido pelo cara do MBL e revidou. Foi provocado. A gente tem que separar as coisas para que Glauber não seja cassado e estamos trabalhando para isso", disse.

O deputado afirmou que Lindbergh Farias (PT-RJ), líder do PT na Câmara, é quem está conduzindo as negociações junto às lideranças partidárias e que confia que o processo será revertido na votação em plenário.

"O PT, por meio do nosso líder, está empenhado nesse debate para evitar a cassação do Glauber e acho que nós vamos conseguir", afirmou.

Confira a entrevista completa do deputado Carlos Zarattini ao Fórum Onze e Meia 

Siga o perfil da Revista Fórum e da jornalista Júlia Motta no Bluesky.

Reporte Error
Comunicar erro Encontrou um erro na matéria? Ajude-nos a melhorar