CÂMARA DOS DEPUTADOS

Lindbergh denuncia manobra da CCJ: querem cassar Glauber Braga e livrar Ramagem da prisão

Colegiado dará sequência ao processo de cassação do deputado do PSOL e, na sequência, pretende trancar ação penal contra bolsonarista, ignorando decisão do STF

Os deputados Glauber Braga e Alexandre Ramagem.Créditos: Kayo Magalhães/Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Escrito en POLÍTICA el

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados articula, nesta semana, dois movimentos simultâneos que evidenciam o tratamento distinto dado a parlamentares de esquerda e de extrema direita. A comissão vota, nesta terça-feira (29), a continuidade do processo de cassação do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) e, na sequência, analisará o pedido para suspender um a ação penal contra o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) por envolvimento na tentativa de golpe de Estado.

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ), denunciou o que classificou como "armação absurda" da CCJ para, ao mesmo tempo, acelerar a cassação de Glauber e proteger o bolsonarista. "Não vamos compactuar com essa injustiça. Vamos lutar até o fim!", afirmou Lindbergh.

Cassação de Glauber avança na CCJ

A votação do recurso de Glauber contra a decisão do Conselho de Ética, que recomendou a perda de seu mandato, será retomada nesta terça-feira (29). Glauber é acusado de quebra de decoro parlamentar após expulsar com chutes um militante do Movimento Brasil Livre (MBL) das dependências da Câmara, em abril de 2024.

O relator do caso, deputado Alex Manente (Cidadania-SP), já rejeitou o recurso apresentado pela defesa do deputado do PSOL, alegando que as alegações não dizem respeito a aspectos formais do processo, mas ao mérito, que não pode ser revisto pela CCJ.

Caso o recurso seja rejeitado, o processo seguirá para o plenário da Câmara, onde são necessários 257 votos para a efetiva cassação do mandato. Um acordo com o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), estabeleceu que o julgamento em plenário ocorrerá no prazo de até 60 dias.

Blindagem a Ramagem desafia decisão do STF

Logo após votar o caso de Glauber, a CCJ pretende analisar o pedido apresentado pelo PL para suspender a ação penal que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) contra Alexandre Ramagem. O deputado é acusado de crimes como tentativa de abolição violenta do Estado democrático de direito, organização criminosa e golpe de Estado, no contexto dos ataques de 8 de janeiro de 2023.

Apesar de o ministro Cristiano Zanin ter determinado que apenas duas das acusações — dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado — podem ser objeto de suspensão pela Câmara, o relator Alfredo Gaspar (União Brasil-AL) e o presidente da CCJ, Paulo Azi (União Brasil-BA), afirmaram que pretendem analisar o recurso do PL "em sua inteireza".

Para parlamentares governistas, a manobra busca desafiar diretamente a decisão do STF e enviar um "recado" ao Judiciário em defesa das prerrogativas parlamentares, ainda que contrariando a Constituição e a jurisprudência vigente.

Estratégia escancara tratamento desigual

Na avaliação de Lindbergh Farias, a sequência das votações deixa evidente o duplo padrão adotado pela CCJ: pressa para cassar um deputado de esquerda e empenho para proteger um aliado de Jair Bolsonaro investigado por crimes graves.

"Pessoal, o que tão armando hoje na CCJ é um absurdo. Vão votar pela cassação do mandato do Glauber Braga ao mesmo tempo em que querem trancar a ação penal do Alexandre Ramagem na tentativa de golpe de Estado. Não vamos compactuar com essa injustiça. Vamos lutar até o fim", escreveu Lindbergh em suas redes sociais. 

 

Reporte Error
Comunicar erro Encontrou um erro na matéria? Ajude-nos a melhorar