O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) esteve no Fórum Onze e Meia desta terça-feira (8) para falar sobre o processo de cassação de seu mandato no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Nesta quarta (9), o órgão se reúne para votar o parecer que pode interromper a trajetória parlamentar de Glauber.
Em entrevista, o parlamentar afirmou que não foi sua reação ao integrante do Movimento Brasil Livre (MBL), após ofensas contra sua mãe, que resultou no pedido de cassação, mas, sim, uma "perseguição" do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
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"Todas as pessoas dentro do Congresso Nacional que vocês consultarem, mesmo aquelas que não vão falar publicamente por medo de retaliação, todas sabem que não foi a minha reação àquele provocador do MBL que está gerando esse processo de cassação no Conselho de Ética. É a perseguição de Lira por conta das denúncias que o mandato sempre fez das falcatruas dele, mais especificamente sobre as denúncias relacionadas ao orçamento secreto", declarou Glauber.
"Eles encontraram naquela provocação, onde eu defendi a honra da minha mãe, a oportunidade de levar à frente esse processo no Conselho", acrescentou o deputado.
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Ele ainda afirmou que está "firme" e que enquanto tiver energia, irá enfrentar esse processo. "Eu sou muito grato a todo mundo que tem se manifestado em todas as reuniões do Conselho de Ética. A sala ficou lotada, ficou cheia de gente se manifestando, denunciando o que está acontecendo", disse o deputado.
Glauber também fez críticas ao relator do processo, o deputado Paulo Magalhães (PSD-BA), que votou pela cassação do mandato em sessão realizada na quarta-feira (2). O parlamentar relembrou que durante votação pela cassação de Chiquinho Brazão (União Brasil-RJ), acusado de ser um dos mandantes do assassinado da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), Magalhães se absteve de votar porque "não gostava de cassar colegas".
O deputado do PSOL também avaliou o contexto político em geral e afirmou que, apesar de estar com o "coração tranquilo", é um momento "difícil". "Mas não é porque o cenário está difícil que vai faltar luta; pelo contrário, vamos ampliar a luta nesse cenário complicado".
Ele afirmou, ainda, que espera que a cassação seja revertida caso vá ao plenário, mas que confia nisso" muito menos por uma ilusão com o espaço institucional", mas pela repercussão que o caso tem tido e, principalmente, porque alguns deputados avaliam que a oposição estaria "abrindo um precedente muito perigoso de calar uma voz que se insurge politicamente em relação ao ex-presidente da Câmara [Arthur Lira]".
"Então, evidentemente, eu tenho esperança e estou lutando. Agora, não é uma esperança com ilusão. É uma esperança sabendo que tem que lutar até o último minuto, mas que o cenário é muito difícil e as votações do Conselho já dão o indicativo dessa dificuldade", destacou.
Glauber acrescentou que outra estratégia utilizada por ele é fazer com que esse debate "transborde" para além do espaço institucional e da militância para que haja uma reversão do cenário interno da Câmara.
"Então, assim, não é o cenário interno que vai modificar. Na minha avaliação, é a amplificação da força de denúncia do que está ocorrendo que pode mudar o cenário", avaliou. Além disso, ele afirmou que parlamentares próximos estão estabelecendo diálogos com figuras públicas para mostrar as consequências e o precedente que se abre a partir da cassação de seu mandato.
O deputado, porém, defendeu que essas articulações políticas não podem substituir a mobilização e o apoio popular.
"Eu não posso fazer com que essas articulações diplomáticas venham substituir a mobilização que a gente tem feito e que as pessoas têm feito a partir das únicas armas que estão à nossa disposição de maneira abundante, que são as palavras. Eu não tenho os instrumentos e nem as armas que Lira tem e, se tivesse, não as usaria. Então, tenho que usar aquelas que estão à minha disposição e é o que eu tenho procurado fazer".
Entenda o caso
Em abril do ano passado, Glauber protagonizou uma briga verbal e física com o integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) Gabriel Costenaro, que estava na Câmara dos Deputados. A confusão teria começado com agressões verbais e evoluído para agressões físicas após o militante ter proferido ofensas contra a mãe do deputado. O caso foi filmado.
Os dois foram conduzidos por policiais legislativos para o Departamento de Polícia Legislativa (Depol) da Câmara para prestarem depoimento. Glauber foi acusado formalmente pelo Partido Novo de quebra de decoro parlamentar e se tornou alvo de processo de cassação de seu mandato.
Em sua defesa, Glauber disse que Costenaro tem histórico de provocações contra ele e que se viu obrigado a defender a honra de sua mãe após ofensas do militante. Ele ainda ressaltou que o MBL também tem histórico de provocações a parlamentares de esquerda.
O deputado acrescentou que o relator do processo é parcial e que as votações a favor são uma resposta às denúncias que fez sobre supostas irregularidades em emendas orçamentárias aprovadas por Lira.
Confira a entrevista completa do deputado Glauber Braga ao Fórum Onze e Meia
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