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Bolsonaro é intimado por causa do filho e sua situação no STF piora

Ex-presidente, que certamente será condenado, piorou ainda mais seu quadro por conta da estratégia suicida de Eduardo Bolsonaro. Entenda o caso

O ex-presidente Jair Bolsonaro.Créditos: Frame de vídeo da TV Uol/Reprodução
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Jair Bolsonaro foi intimado a depor, e não foi na ação penal que enfrenta no STF. Agora, a situação judicial do ex-presidente extremista se aproximou mais do que nunca de um ponto sem retorno. Réu no Supremo Tribunal Federal por tentativa de golpe de Estado, e identificado pela Polícia Federal como líder máximo do “núcleo central” da organização que tentou derrubar o regime democrático brasileiro após sua derrota nas eleições de 2022, o “mito” vive seus piores dias após a apresentação de um relatório pela PF com 884 páginas e uma denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) com 272 páginas, tudo com documentos robustos que, segundo a expectativa dominante nos bastidores do Judiciário, caminha para uma condenação superior a 30 anos de prisão.

Isso para não falar do inquérito do caso das joias desviadas do acervo público da Presidência, que foram levadas para o exterior com o objetivo de serem comercializadas.

Mas a coisa pode piorar, e muito. Em meio a esse pandemônio no Judiciário, uma nova frente de desgaste foi aberta com a atuação de seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), cuja estratégia de confronto direto, e ameaças, com ministros do STF e ao procurador-geral da República tem elevado a tensão, o que pode ter efeitos colaterais diretos sobre o julgamento do pai.

Eduardo Bolsonaro mira Moraes e Gonet e agrava crise

A escalada de Eduardo Bolsonaro inclui ataques explícitos ao ministro Alexandre de Moraes, relator dos inquéritos que envolvem o 8 de janeiro e a tentativa de golpe, e ao procurador-geral Paulo Gonet. Em discursos públicos, sem fazer rodeios ou disfarçar, Eduardo afirmou que, à medida que o STF avança nas investigações contra seu pai, ele se empenhará em obter cada vez mais sanções dos EUA contra os membros da Corte, com foco especial em Moraes.

A Procuradoria-Geral da República viu nessas falas uma tentativa de coação e solicitou abertura de inquérito, o que foi autorizado por Moraes. Como o deputado está fora do país, o ministro permitiu que ele preste esclarecimentos por escrito. Bolsonaro também foi intimado a se manifestar, sob o argumento de que poderia ser beneficiário direto das ações do filho. Ou seja, a Justiça já entendeu que ele não é um mero espectador, mas sim um fomentador dessas ameaças, pois se beneficiaria diretamente delas.

Reação institucional e consequências jurídicas

Diante da gravidade dos ataques, o STF determinou que a Polícia Federal monitore as redes sociais de Eduardo Bolsonaro e preserve as postagens como parte do inquérito. O ministro Moraes também ordenou a oitiva de outros envolvidos, como o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), além da convocação do Itamaraty para que indique diplomatas que possam contribuir com esclarecimentos.

A fala de Eduardo acusando Paulo Gonet de “agir politicamente” ao abrir o inquérito escancarou a tática de intimidação da família Bolsonaro contra as instituições que investigam e julgam seus crimes. Entretanto, essa ofensiva, embora claramente articulada, pode ter efeito contrário: longe de intimidar o STF, tende a consolidar uma resposta ainda mais firme da Corte, que enxerga nesses movimentos uma ameaça direta ao Estado de Direito.

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