Após Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), votar por sua condenação a 10 anos de prisão, pela invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a deputada federal bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP) "chorou as pitangas" com a imprensa, dizendo-se "vítima de perseguição política", e argumentando ainda que sua única fonte de renda é o seu salário de parlamentar, o que não permitira pagar o valor da multa estipulado pela Justiça.
“Estou sendo vítima de uma perseguição política que atenta não apenas contra minha honra pessoal”, afirmou Zambelli por meio de nota à imprensa. “Minha única fonte de renda é o salário do meu trabalho como deputada. Um político honesto, que vive do próprio salário, jamais teria recursos para pagar uma multa despropositada que ultrapassa R$ 4,5 milhões, referente aos dois julgamentos em curso na Corte. Trata-se de algo que extrapola qualquer limite do razoável”, completou.
Nesta sexta-feira (9), Moraes e o ministro Flávio Dino votaram pela condenação de Zambelli a 10 anos de prisão. Os outros ministros têm até o dia 16 de maio para votarem. Se condenada e caso os recursos se esgotem, Zambelli corre o sério risco de perder o mandato como parlamentar e ir para a cadeia.
Entenda a situação de Zambelli
A deputada Zambelli e o hacker Walter Delgatti são suspeitos de invadir os sistemas do CNJ entre 4 e 6 de janeiro de 2023. Na ocasião, foram inseridos 11 alvarás de soltura de presos e um mandado de prisão falso contra o ministro do STF Alexandre de Moraes, não só na plataforma do CNJ, mas também de outros tribunais.
Estima-se que o hacker tenha recebido R$ 13,5 mil de Jean Hernani e Renan Goulart, o primeiro tendo pago R$ 10,5 mil e o outro os R$ 3 mil restantes. O nome da operação da Polícia Federal (PF) que investigou o caso é Operação 3FA, e faz alusão ao protocolo de segurança digital de autenticação de dois fatores (2FA).
Leia a íntegra da nota da deputada Carla Zambelli:
“NOTA DA DEPUTADA CARLA ZAMBELLI A RESPEITO DE SEU JULGAMENTO NO STF
Em respeito à população brasileira e à confiança que quase 1 milhão de eleitores depositaram em mim, venho expressar meu mais profundo sentimento de inconformismo diante do voto proferido pelo ministro Alexandre de Moraes, nesta manhã, que, ignorando os fatos e a ausência de provas nos autos, optou por me condenar injustamente.
Estou sendo vítima de uma perseguição política que atenta não apenas contra minha honra pessoal, mas também contra os princípios mais elementares do Estado de Direito. O que está em julgamento não são ações concretas, mas minha postura firme, minha voz ativa e minha defesa inabalável dos valores conservadores que represento.
Repito: não há qualquer prova que sustente essa condenação. O que existe é uma tentativa clara de silenciar uma mulher de direita, deputada eleita pelo povo, que não se curva diante de abusos de poder.
Sigo com a consciência tranquila, pois jamais agi com dolo, violência ou má-fé, e nunca cometi qualquer ato criminoso punível pela legislação brasileira.
Apesar da dor de ver a justiça terrena falhar, minha fé permanece inabalável. Confio plenamente na Justiça de Deus — soberana, reta e incorruptível. Ele conhece meu coração e sabe da verdade que sustento.
Minha única fonte de renda é o salário do meu trabalho como deputada. Um político honesto, que vive do próprio salário, jamais teria recursos para pagar uma multa despropositada que ultrapassa R$ 4,5 milhões, referente aos dois julgamentos em curso na Corte. Trata-se de algo que extrapola qualquer limite do razoável.
Agradeço o apoio que tenho recebido de tantas pessoas que compreendem que este processo ultrapassa as fronteiras jurídicas e adentra o perigoso território da perseguição ideológica.
Continuarei de pé, sem jamais abandonar os princípios que me trouxeram até aqui.
Só termina quando Deus disser que acabou. A verdade prevalecerá.
Carla Zambelli
Deputada Federal”