Primeiro a depor ao Supremo Tribunal Federal (STF) na fase de interrogatório dos réus da trama golpista, o tenente-coronel Mauro Cid, cuja delação premiada baseou boa parte das investigações, cumprimentou Jair Bolsonaro pouco antes de reafirmar a liderança e participação direta do ex-presidente na tentativa de golpe de Estado.
Ao chegar na sala de depoimentos, pouco antes do início de seu interrogatório, Cid fez questão de cumprimentar Bolsonaro com um aperto de mão e trocar sorrisos com o ex-presidente. Pouco tempo depois, o ex-ajudante de ordens respondeu a perguntas do ministro relator do caso, Alexandre de Moraes, e incriminou Bolsonaro, narrando com detalhes a participação do ex-mandatário na trama golpista.
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Além de Bolsonaro, Mauro Cid também cumprimentou o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, com um "tapinha nas costas", e prestou continência para os generais Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira (ex-ministro da Defesa) e Augusto Heleno (ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional) – também réus por tentativa de golpe de Estado.
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Cid entrega Bolsonaro
Em depoimento no STF, na tarde desta segunda-feira (9), durante uma sessão do julgamento da que apura a tentativa de golpe de Estado transcorrida entre o final de 2022 e o começo de 2023, o tenente-coronel Mauro César Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), confirmou que o então ocupante do Palácio do Planalto pegou a famigerada minuta golpista para “enxugá-la”, ou seja, modificá-la e torná-la mais curta. Segundo o militar, Bolsonaro mexeu em vários pontos do “documento” e retirou algumas previsões sobre prisões de autoridades da República, deixando apenas a detenção do ministro Alexandre de Moraes.
“Em termos de data, não me lembro bem. Foram duas, no máximo três reuniões em que esse documento foi apresentado ao presidente... A primeira parte eram os ‘considerandos’ — cerca de 10 páginas, muito robustas. Essa parte listava possíveis interferências do STF e do TSE no governo Bolsonaro e no processo eleitoral... O documento mencionava vários ministros do STF, o presidente do Senado, o presidente da Câmara… eram várias autoridades, tanto do Judiciário quanto do Legislativo... O presidente recebeu e leu. Ele, de certa forma, enxugou o documento, basicamente retirando as autoridades das prisões. Somente o senhor [Moraes] ficaria como preso. O resto, não”, disse.
Momentos antes, Cid confirmou em sua oitiva que todas as declarações que prestou à Polícia Federal no âmbito do inquérito que investigou essas ações foram de livre e espontânea vontade, correspondendo tão somente ao que ele sabia sobre esses eventos, negando pressões de qualquer natureza.