Prestes a ser condenado e preso por tentativa de golpe pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Jair Bolsonaro (PL) jogou definitivamente a toalha sobre a ilusória candidatura em 2026 e se reuniu nesta terça-feira (18) com o presidente do PSD, Gilberto Kassab, para selar a candidatura de Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) à presidência em 2026.
Nesta quarta-feira (18), Kassab chegou a publicar nas redes sociais um vídeo, ao lado de Tarcísio, com a medalha de “imbrochável, imorrível e incomível” recebida das mãos de Bolsonaro, em uma clara sinalização da união entre a ultradireita neofascista, comandada pelo ex-presidente, com a chamada Terceira Via, que historicamente Centrão, mídia liberal e Faria Lima em torno de uma candidatura "anti-Lula".
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Nas imagens, Tarcísio pede para que o presidente do PSD mostre o presente recebido de Bolsonaro. O que se vê é um constrangido Kassab sacando o ornamento do Bolsonaro, posando para foto ao lado do ex-presidente e guardando rapidamente a medalha.
Por outro lado, Bolsonaro não demonstrou qualquer constrangimento ao elogiar o cacique do PSD, oriundo, assim como ele, da velha política, que é alvo de críticas dos apoiadores mais radicais.
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Em seu discurso na Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne (Feicorte), em Presidente Prudente (SP), o ex-presidente cumprimentou "Kassab, presidente do maior partido do país, depois do PL”, mencionou novamente o assessor de Tarcísio ao dizer que "tenho dito, Kassab: Me deem 50% da Câmara, 50% que eu mudo o Brasil. O outro 50% fica com o PSD, fica com o PR, fica com os partidos aí”. E afirmou que "não é só no PL" que tem bons políticos: "o PSD tem gente boa, o PR, tanta gente”.
O afago final foi feito ao falar sobre Tarcísio, dizendo que Kassab, assessor especial do governador, influenciou como ele o lado político do militar.
“Na política já aprendeu 95%, só falta 5%. Depois eu dou umas aulas particulares para você. Se é que você não tem um pouco com o Kassab”, bajulou Bolsonaro.
Kassab x Michelle
A portas fechadas, a conversa entre Kassab e Bolsonaro se deu em torno da candidatura de Tarcísio para a Presidência em 2026 em uma ampla aliança, que com a desistência do ex-presidente vai incorporar a ala mais radical do bolsonarismo.
Kassab teria debatido com Bolsonaro formas de vencer a resistência que seu nome tem junto a apoiadores mais extremistas - a concessão da medalha "3is", "honraria" só para aliados próximos, seria uma forma de mostrar a adesão do presidente do PSD ao bolsonarismo.
O político paulista teria prometido falar com a bancada do partido na Câmara para apoiar o projeto de Anistia para beneficiar o ex-presidente, que deve abrir mão do veto de alianças com candidatos do PSD em 2026.
Na conversa, Kassab também teria sinalizado a Bolsonaro seu desejo de ser vice-presidente, o que contraria o PL e o próprio clã do ex-presidente, que começa a aderir a ideia de Michelle Bolsonaro (PL) como vice de Tarcísio.
No entanto, o tema não foi aprofundado com a alegação que seria cedo para tal definição.
Flerte e indulto
A aliança entre a Terceira Via e o bolsonarismo tem emitido sinais nas últimas semanas, após o início do julgamento do núcleo crucial da quadrilha golpista de Bolsonaro.
Diante de uma iminente prisão, Bolsonaro tem apostado as fichas na candidatura Tarcísio, que teria se comprometido a, se eleito, dar indulto ao colega e usar sua influência junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) para manter a decisão.
Animado, Kassab teria suspendido as conversas de bastidores com uma ala do PT - a quem teria se oferecido para ser vice do Lula em 2026 em troca do apoio do PSD à reeleição do presidente.
Após o arquivamento por Alexandre de Moraes da investigação sobre suposta propina de R$ 28 milhões recebida da JBS em 2014, Kassab passou a se movimentar em direção ao bolsonarismo para se cacifar como possível vice na chapa com Tarcísio.
Na gravação de peças publicitárias do PSD, que vai ao ar a partir do dia 27 de junho, Kassab aparece ao lado de Tarcísio, que é do Republicanos, inaugurando obras em "uma parceria que leva São Paulo para frente".
Teria partido de Tarcísio, inclusive, a iniciativa da conversa entre Kassab e Bolsonaro, concretizada nesta terça, para selar a aliança entre os dois grupos políticos.
Antes de depor a Moraes no STF, Bolsonaro também se reuniu com Michel Temer (MDB), que pregava uma "direita sem Bolsonaro" em torno de Tarcísio.
No entanto, o ex-presidente golpista teria se convencido de que Tarcísio depende do espólio eleitoral de Bolsonaro para vencer Lula em 2026.
