SOBERANIA

Juliano Medeiros: Extrema direita se alia a Trump para "ferrar" com Brasil e voltar ao poder

Ao Fórum Onze e Meia, ex-presidente do PSOL fala sobre responsabilidade da família Bolsonaro em ataques do comandante dos EUA contra o Brasil

Donald Trump, presidente dos Estados Unidos.Créditos: Flickr The White House
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O Fórum Onze e Meia desta quinta-feira (10) recebeu o cientista social e ex-presidente do PSOL, Juliano Medeiros, para comentar sobre os ataques de Donald Trump ao Brasil, com a imposição de 50% de tarifa sobre exportações e declarações contra a soberania brasileira. Desde o início da reunião dos países do BRICS, que ocorreu no Rio de Janeiro entre os dias 4 e 7 de julho, o presidente dos Estados Unidos vem adotando uma postura agressiva ao se sentir ameaçado pelo bloco. 

Na avaliação de Medeiros, os ataques de Trump interferem em duas dimensões: política e econômica. Em relação à postura política, ele defendeu que a resposta que está sendo dada pelo governo Lula e seus aliados tem sido "firme" em "deixar claro para o próprio Trump e para a comunidade internacional" que o Brasil possui um sistema judiciário independente e soberano. Os ataques têm sido feitos com o argumento de que são em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), réu por tentativa de golpe de Estado e prestes a ser preso. 

Ainda na dimensão política, Medeiros afirmou que é preciso expor para o povo brasileiro o que os ataques de Trump realmente significam. Para ele, os brasileiros precisam entender que o que está acontecendo é uma "manobra política" para prejudicar o Brasil: as sanções econômicas de Trump têm finalidades políticas de causar instabilidade política na democracia brasileira. 

"Quando os Estados Unidos aplicam sanções contra o Irã, contra a Rússia, contra Cuba ou contra indivíduos de diferentes países, como eles costumam fazer, isso tem uma finalidade: causar sofrimento e dor à população desses países para causar instabilidade política. Essa é a natureza das sanções. Então, sancionar o Brasil, criar sobretaxas com finalidades políticas, isso tem nome: sanção. Os Estados Unidos estão usando as taxas alfandegárias, as taxas comerciais, como se fossem sanções políticas", afirmou Medeiros. 

O cientista acrescentou que o fato é "gravíssimo" e que Lula precisa deixar a situação clara para o povo brasileiro. Além disso, Medeiros também destacou que é preciso mostrar que Bolsonaro tem responsabilidade por essa tragédia.

"O Eduardo Bolsonaro está nos Estados Unidos há meses operando para criar instabilidade, desconforto e para vender essa narrativa", relembrou Juliano. O próprio deputado, que está licenciado nos EUA, confirmou que a taxação anunciada por Trump foi resultado de suas articulações com a extrema direita estadunidense contra o Brasil.  

Medeiros reforçou que o anúncio de Trump "deixa claro que a extrema direita, os bilionários, as pessoas que baixam a cabeça para o Trump e para os Estados Unidos compõem um bloco de forças políticas, econômicas e sociais que quer ferrar com o Brasil para voltar ao poder".

"Vai ficando claro para a sociedade brasileira que tudo faz parte de um único processo, de um único projeto, que é a extrema direita voltar para o poder no Brasil. Então, as coisas não estão dissociadas. Por acaso elas aconteceram ao mesmo tempo, no mesmo momento, mas elas têm o mesmo sentido", disse Medeiros. 

O cientista ainda ressaltou que essa articulação vai se fechando em torno do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), principal nome cotado para substituir Bolsonaro nas eleições de 2026. Para Medeiros, também é importante destacar as posturas de Tarcísio sobre os ataques de Trump para mostrar para a população quem o governador "realmente é". 

"É importante para nós que o Tarcísio vá para as redes e diga que vai dar indulto para o Bolsonaro para que o povo saiba quem ele é. Diga que é a favor das taxas do Trump para que o povo saiba quem ele é. Defenda os bilionários para que o povo saiba quem ele é. Isso desgasta o Tarcísio, embora reforce a aliança dele com os super-ricos, mas mostra para o povo brasileiro de que lado que essa turma está", afirmou. 

Comando de Lula 

Medeiros também comentou sobre a importância do comando do presidente Lula (PT) diante de todos os debates inflamados agora, como a taxação dos bilionários e a defesa da soberania brasileira em relação às interferências de Trump. "Acho fundamental que o Lula se comunique diretamente. Nos momentos em que o presidente bancou certas brigas, a esquerda ganhou um aliado fundamental", defendeu. Ele ressaltou, ainda, o papel de Lula enquanto líder das forças populares. "Quando o Lula dá o comando, naturalmente as forças populares se mexem, e é muito mais fácil", destacou. 

Confira a entrevista completa de Juliano Medeiros ao Fórum Onze e Meia

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