No primeiro dia do Fórum de Lisboa, na quarta-feira (2), o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), protagonizou um papelão ao fugir dos jornalistas que o aguardavam para uma entrevista. Em vez de cumprir sua promessa de conversar com a imprensa, ele se retirou pelos fundos do evento, gerando desconforto e aumentando a desconfiança sobre suas atitudes, àquela altura muito criticadas pela sociedade por conta de suas sabotagens ao governo Lula (PT) e em defesa dos setores mais ricos do país. Após esse incidente vergonhoso e cercado de embaraços, agora a Câmara dos Deputados se nega a fornecer informações sobre o uso de um jato da Força Aérea Brasileira (FAB) utilizado por Motta para viajar ao evento na capital portuguesa.
A viagem, realizada na noite de segunda-feira (30), foi feita em um jato executivo Legacy VC99, que, segundo fontes, estava lotado. O ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), também foi citado por alguns órgãos de imprensa como um dos passageiros. Quando o caso foi revelado, a assessoria de Motta indicou que quaisquer esclarecimentos sobre relação ao uso do avião deveriam ser encaminhados diretamente à Câmara por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).
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Foi o que a colunista Malu Gaspar, do diário carioca O Globo fez, mas depois de enviar o pedido a resposta que ela recebeu foi negativa. A Câmara alegou que a lista de passageiros de voos da FAB é confidencial por questões de segurança.
A recusa em fornecer a informação gerou críticas de entidades como a Transparência Brasil, que classificou a postura do Legislativo como um "ato alarmante". Nem mesmo os nomes das pessoas que viajaram com Motta foram revelados, algo a atmosfera em torno do presidente da Câmara ainda mais turva, uma vez que não há motivos para que tal informação seja escondida.
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Papelão em Lisboa
Durante sua participação no 13º Fórum Jurídico de Lisboa, Motta protagonizou um episódio que gerou grande desconforto. Na manhã de quarta-feira (2), após a cerimônia de abertura e duas breves falas nas duas primeiras mesas de debates, o presidente da Câmara prometeu conceder uma entrevista coletiva na saída do recinto. Como estava no centro das atenções do universo político nacional, mais de 50 jornalistas, cinegrafistas e fotógrafos se dirigiram para o backdrop instalado na porta da reitoria da Universidade de Lisboa para aguardá-lo.
No entanto, Motta não cumpriu a promessa. Informações de colaboradores do evento indicaram que ele havia deixado o local pelos fundos, evitando contato com a imprensa. Esse episódio reforçou ainda mais a impressão de que o jovem parlamentar se sente acuado por possíveis questionamentos sobre suas ações políticas, especialmente após sua postura contrária e de confronto ao governo Lula (PT).
Alinhado com figuras da extrema direita bolsonarista, assim como irmanado ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), Motta tem sido uma figura crucial nas operações sujas de sabotagem aberta ao governo federal.
A recente derrubada do aumento do IOF, em uma manobra conjunta com o Senado, gerou forte reação do Planalto e foi judicializada por Lula, que recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF). No último dia do Fórum de Lisboa, o ministro Alexandre de Moraes, a quem a questão foi remetida, decidiu convocar uma sessão de reconciliação entre as partes para amornar os ânimos.
A recusa em explicar o uso do jatinho da FAB e o comportamento evasivo durante sua passagem por Lisboa evidenciam a crescente tensão política e a falta de transparência no comando da Câmara. A viagem, realizada a bordo de um jato militar, levantou mais uma vez dúvidas sobre as prioridades e o compromisso de Hugo Motta com a transparência pública e com as questões que afligem a população.