SOBERANIA

VÍDEO: O recado de Lula a Trump, diretamente da Amazônia, em meio às ameaças militares dos EUA

Presidente inaugurou Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia para fortalecer o combate ao crime organizado e fez discurso em defesa da soberania nacional

O presidente Lula durante inauguração do CCPI Amazônia.Créditos: Edmar Barros/Ato Press/Folhapress
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou nesta terça-feira (9) um recado direto ao governo dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump. Durante a inauguração do Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia (CCPI Amazônia), em Manaus, Lula afirmou que os países amazônicos não necessitam de intervenções externas para enfrentar o crime organizado.

Segundo o presidente brasileiro, a nova unidade, já em operação desde junho, é resultado da integração entre forças de segurança do Brasil e de nações vizinhas. O objetivo é combater crimes transnacionais como o garimpo ilegal, o desmatamento e o narcotráfico.

“Não existe espaços vazios, o crime ocupa os lugares que o Estado não preenche. Nossa missão é restituir a força da lei pela presença do Estado. É isso que simboliza esse centro”, declarou Lula, ao lado do presidente colombiano Gustavo Petro e de autoridades regionais.

Mensagem contra a intervenção dos EUA

Lula criticou a movimentação dos EUA, que enviaram navios de guerra para a costa da Venezuela sob o argumento de combater cartéis de drogas. Para Lula, essa justificativa não passa de um pretexto para interferência estrangeira. A declaração do presidente brasileiro veio no mesmo dia em que uma porta-voz da Casa Branca ameaçou usar "força militar" contra o Brasil

“É a primeira vez na história da Amazônia que tantos atores se reúnem no mesmo espaço físico em torno do objetivo comum. Não precisamos de intervenções estrangeiras, nem de ameaças à nossa soberania. Somos perfeitamente capazes de ser protagonistas das nossas próprias soluções. As palavras-chaves são: ação integrada e cooperação”, ressaltou.

Veja vídeo: 

Lula destacou ainda que a preservação ambiental está diretamente ligada ao enfrentamento da criminalidade. “Para combater o crime de forma efetiva, é preciso neutralizar suas lideranças e afixar seus mecanismos de financiamento”, disse, ao citar que, apenas em 2024, mais de US$ 250 milhões em bens foram apreendidos e cerca de US$ 60 milhões em equipamentos ilegais foram destruídos.

“Não podemos permitir que os moradores das periferias, os povos indígenas e as comunidades ribeirinhas tenham suas vidas marcadas pela violência enquanto os endinheirados ficam impunes. Os mais vulneráveis são os que mais sofrem com a criminalidade. Estar do lado do povo amazônico requer ação firme e decisiva contra o crime”, concluiu.

Petro alerta para ameaça de invasão à Venezuela

Convidado de Lula para a cerimônia, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, reforçou o discurso contra a intervenção norte-americana e apontou os riscos que rondam a região.

“Se a floresta é salva, salva-se também a humanidade. Essa é a realidade e é por isso que estamos aqui. Não é por outra coisa, é pela humanidade”, afirmou.

Petro alertou para as movimentações militares dos EUA no Caribe. “Agora a Venezuela está sob ameaça. Um barco foi alvejado [pelas forças militares norte-americanas] em águas do Caribe, sem que saibamos se, de fato, transportava drogas. Não podemos ficar calados. Precisamos nos unir e falar de igual para igual com os Estados Unidos. Não podemos defender governos que estejam ao lado dos genocidas. Caso contrário, as bombas cairão sobre nós também”, disse.

Segundo ele, os interesses na região passam diretamente pelo petróleo. “O problema é o petróleo. Há uma discussão mundial, colocada na América Latina, motivada pela energia do capital baseada na exploração de trabalhadores e também da natureza”, acrescentou.

O colombiano fez ainda uma comparação histórica. “Durante a segunda grande guerra, os nazistas torpedeavam navios que levavam comida para a Europa. É o que Israel está fazendo agora [na Faixa de Gaza]”, afirmou, relacionando os ataques ao atual aliado dos EUA no Oriente Médio.

“A América Latina não é território para ser bombardeado por ninguém. É a região da vida. O centro vital da vida do planeta, cercado de belezas”, concluiu Petro, defendendo que a contradição entre capital e vida precisa ser superada, já que “a cobiça é contrária à vida”.

*Com informações da Agência Brasil

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