CLIMÃO

Defesa de Mauro Cid contesta delírio de Fux, que condenou ajudante de ordens e absolveu Bolsonaro

"O que o Cid vai fazer sozinho?", indagavam advogados em meio ao voto nonsense de Luiz Fux. Três ministros anotaram diversos pontos e desconstrução pode ser abordada na próxima sessão.

Cezar e Vânia Bittencourt, advogados de Mauro Cid, durante leitura de voto de Luiz Fux no STF.Créditos: Gustavo Moreno/STF
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Do STF, em BRASÍLIA | A defesa do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o único condenado pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), aproveitou os intervalos da sessão da última quarta-feira (10) para contestar e rebater alguns pontos usados na condenação do militar.

O voto de Fux durou 13 horas, duas dessas horas falando apenas do caso do réu Jair Bolsonaro, e se encerrou somente ao fim da quarta, por volta das 23h. Antes, nos intervalos, a defesa de Cid viu o comportamento como um indicativo de que as contrariedades apresentadas por Fux em seu voto sejam elucidadas, já que os critérios seriam aplicados de forma seletiva e dissonante entre os réus.

“A outra mais parte gritante (de erro) é essa, falar que não teve golpe de estado sem interposição. O que o Cid vai fazer sozinho?”, afirmou a advogada que integra a defesa de Mauro Cid, Vânia Bittencourt. “Outra incongruência: confundiu artigo 14 com o próprio crime da tentativa de golpe ao Estado democrático. Ele comparou também com tentativa de assassinato”, continuou. “Outra incongruência: como é pertinente para julgar o Bolsonaro mas não para os envolvidos no 8 de janeiro?”, questionou.

Ministros podem contestar voto de Fux

Nos bastidores, era possível observar os três ministros anotando ponto a ponto, de tempos em tempos, a leitura do voto de Fux. Contudo, os ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino já fizeram seus votos. Quem deve contestar os argumentos de Fux é a ministra Cármen Lúcia, próxima votante.

A expectativa que existia ontem era de que os três ministros desconstruam os pontos abordados no voto do colega. A preocupação, entre parlamentares que estiveram presentes na sessão, é de que a manifestação de Fux possa ser utilizada como munição para tentar legitimar pressões externas, como o caso das sanções do governo dos Estados Unidos (EUA).

Por volta das 20h40 da quarta-feira (10), o clima ficou ainda mais tenso entre os ministros, e houve também uma pausa. No retorno à sessão, Fux reiterou seu interesse em continuar seu voto até o fim, o que foi prontamente aceito pelo presidente do STF, Cristiano Zanin.

A preocupação era de que Fux estivesse usando seu voto para postegar o julgamento, já que também apresentava sinais de cansaço, com uma fala lenta e pondo a mão ao rosto diversas vezes conforme o dia passava, o que se intensificou ao final da sessão.

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