PROBLEMA HISTÓRICO

Desafio da Bahia é alfabetizar aos sete anos, diz governador

Para enfrentar o crime organizado

Futuro.Crianças baianas de Mansidão, no interior do Estado.Créditos: Governo da Bahia
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A desigualdade no Brasil é tão enraizada e histórica que seria uma verdadeira revolução se a Bahia conseguisse alfabetizar as crianças aos sete anos de idade.

Foi o que sugeriu o governador Jerônimo Rodrigues ao conversar com jornalistas durante viagem a São Paulo. O encontro foi organizado pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé.

O Partido dos Trabalhadores governa a Bahia desde 2007, quando Jacques Wagner foi eleito pela primeira vez.

Porém, entre 2018 e 2022, durante o mandato de Rui Costa, quando Jerônimo era secretário de Estado, ministros do governo Bolsonaro não recebiam autoridades baianas, de acordo com o atual ocupante do Palácio de Ondina.

Foi um período de "abandono", que só acabou com a volta de Lula ao Palácio do Planalto.

De acordo com o governador, a Bahia investiu R$ 14,2 bilhões na educação básica entre 2023 e 2025.

A educação em tempo integral chegou a 377 municípios em 2025. A Bahia tem 417 municípios. Jerônimo contou aos jornalistas que já visitou 352 deles desde que assumiu, com o objetivo de manter contato próximo com os gestores municipais.

Nas 658 unidades escolares que hoje atendem em tempo integral, há 130 mil estudantes (aumento de 42% em relação a 2024).

Objetivo 

Durante a entrevista, Jerônimo disse que, assim como o presidente Lula tem como prioridade que os todos os brasileiros façam três refeições por dia, seu objetivo é que as crianças baianas sejam alfabetizadas aos 7 anos de idade.

Afirmou que existem casos em que isso só acontece aos 11 anos de idade.

Jerônimo disse que a Bahia é o segundo estado que mais investe no Brasil, depois de São Paulo, apesar de ser o décimo sexto em arrecadação.

Antes mesmo que o governo Lula criasse o programa Pé de Meia, a Bahia já tinha o Bolsa Presença, de R$ 150 mensais, para famílias de baixa renda cujos filhos tenham presença mínima de 75% na rede escolar estadual.

"É uma luta diária", ele afirmou, dizendo que o crime organizado compete pelos jovens com ofertas de R$ 1 mil.

Por isso, sempre segundo o governador, a educação é uma das prioridades de seu governo, com a construção de quadras e infraestrutura que permita às crianças a prática de esportes na escola.

De acordo com o Ministério da Educação, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (ldeb) da Bahia em 2023 atingiu 5,3 pontos nos primeiros cinco anos do ensino fundamental, um avanço superior a 0,3 sobre a meta pretendida. O IDEB médio no Brasil foi de 6,0.

Porém, nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio a Bahia marcou 4,2 e 3,9 pontos, abaixo da meta.

Desigualdade

Por causa da indústria de ponta já existente na Bahia, na qual em breve vai se incluir a fábrica chinesa de automóveis BYD, a ideia que se faz do estado está ligada à modernidade e às atrações turísticas.

Porém, Jerônimo fez questão de enfatizar a persistência de profundas carências no estado, onde 20% da população é analfabeta. Desde que Lula reassumiu o Planalto, a fome na Bahia caiu pela metade, mas ainda afeta 6% dos baianos.

De acordo com o Ministério da Saúde, a insegurança alimentar atinge 11% dos domicílios baianos, quando a média nacional é de 7%.

Até o final de 2025, 250 cozinhas solidárias estarão funcionando na Bahia, em parceria do governo estadual com organizações sociais. O programa Comida no Prato criou 207 cozinhas em parceria com prefeituras, para atenuar o problema.

"Mais de um milhão de baianos deixaram de passar fome", disse Jerônimo, ligando isso em parte à aceleração do crescimento econômico que se deu desde a posse de Lula, além das ações estadual e municipais.

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