FOLHA SANTISTA

Ex-delegado-geral assassinado e Derrite... jantava com empresários

Secretário de segurança de Tarcísio manteve participação no rega-bofe enquanto uma autoridade importante era assassinada em praça pública, no litoral de SP

Derrite, Mendonça Filho e Rafael Furlanetti da XP.Créditos: Reprodução
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Mesmo após a notícia do assassinato do ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Fontes, em Praia Grande, no litoral paulista, o secretário estadual de Segurança Pública, Guilherme Derrite, decidiu manter a participação em um jantar com empresários em São Paulo, na noite desta segunda-feira (15).

O encontro ocorreu na residência de Rafael Furlanetti, diretor de Relações Institucionais da XP, e reuniu cerca de dez empresários de diferentes setores, segundo informações do Painel, da Folha. O foco do evento foi a discussão da PEC da Segurança Pública, proposta pelo governo federal, e contou ainda com a presença do deputado Mendonça Filho (União Brasil-PE), relator da medida na Câmara, além do ex-governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PSD).

Derrite chegou por volta das 20h, quando a execução de Fontes já repercutia amplamente. De acordo com relatos, o secretário se retirou da mesa algumas vezes para atender telefonemas, mas não compartilhou informações sobre o crime com os demais convidados. Preferiu concentrar suas falas na proposta em debate e em questões gerais da área de segurança. Ele deixou o local cerca de duas horas depois.

Encontro no WhatsApp

Em um grupo de WhatsApp, o anfitrião Furlanetti registrou o encontro:

— Segurança pública não é um tema de governo, é um tema de todos nós — escreveu, junto a uma foto do jantar.

Na mesma mensagem, destacou a presença de Derrite:

— Um debate necessário sobre um tema que impacta cada brasileiro no dia a dia. O secretário trouxe a visão prática de quem está na linha de frente.

A decisão de manter a agenda social em meio à execução de um dos nomes mais importantes da Polícia Civil paulista chamou atenção nos bastidores políticos e policiais, diante da gravidade do episódio.

Sindicato detona governo Tarcísio

O Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) fez duras críticas ao governo de São Paulo, comandado por Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), em nota oficial sobre o assassinato Ruy Ferraz Pontes, ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo. 

"A ação que resultou na execução de Ruy Ferraz Fontes, o qual, há poucos anos, ocupou o cargo de comando máximo da Polícia Civil bandeirante, escancara a forma como o Governo do Estado de São Paulo cuida de seus policiais mais dedicados, ao mesmo tempo em que torna gritante a necessidade de a Polícia Civil ser melhor tratada, com efetiva valorização de seus profissionais, mais contratações e aumento nos investimentos em estrutura física e de materiais", diz trecho da nota. 

"É, afinal, a Polícia Civil a responsável pela investigação das organizações criminosas. Por consequência, se o Governo do Estado permite que a instituição se enfraqueça, como São Paulo tem feito nas últimas décadas, o crime organizado, inevitavelmente, ganhará espaço", prossegue o sindicato. 

"Para o Sindpesp, o homicídio do ex-delegado-geral, da forma como ocorreu, revela-se uma grande afronta às Forças de Segurança, à máquina pública e ao Estado de São Paulo, não podendo ficar de maneira alguma impune, sob pena de que todo o sistema de Segurança Pública caia em descrédito", emenda a entidade. 

Entenda o crime

Um crime de grande repercussão chocou a população de Praia Grande, no início da noite desta segunda-feira (15). Vítima de um atentado, Ruy Ferraz Pontes, ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo e, atualmente, secretário de Administração da cidade do litoral paulista, foi executado a tiros enquanto dirigia. A suspeita inicial recai sobre integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC).

A Polícia Militar (PM) informou que homens que estavam em outro veículo, uma caminhonete Toyota Hilux preta, atiraram contra o automóvel da vítima.

O caso ocorreu na Avenida Dr. Roberto de Almeida Vinhas, por volta das 18h21, no bairro Nova Mirim, perto do Fórum. Ainda segundo a PM, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi chamado e constatou a morte.

Informações iniciais apontam que Ruy perdeu o controle do veículo depois de ser baleado, o carro capotou e colidiu contra um ônibus.

Veja vídeo [ATENÇÃO, IMAGENS FORTES]:

 

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