O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, um dos mais radicais e agressivos bolsonaristas do cenário político brasileiro, recusou na tarde desta terça-feira (16) a ajuda da Polícia Federal, oferecida pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, para atuar no esclarecimento do bárbaro assassinato do ex-delegado-geral da Polícia Civil paulista Ruy Ferraz Fontes, executado a tiros de fuzil após ser emboscado em Praia Grande, na Baixada Santista, onde ocupava o cargo de secretário municipal de Administração.
No melhor estilo bolsonarista, alegando “autossuficiência” das forças de segurança de São Paulo, o capitão da PM que fez carreira na Rota, e que entrou para a política prometendo uma polícia ainda mais violenta, disse que o aparato à sua disposição “é 100% capaz de dar uma pronta resposta”.
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“Agradecemos o apoio da Polícia Federal, mas no momento todo o aparato do estado aqui é 100% capaz de dar a pronta resposta necessária. Tanto é que, em pouquíssimas horas, o primeiro indivíduo [ligado ao crime] já foi identificado e qualificado. Nós vamos continuar realizando esse trabalho”, disse Derrite, em tom soberbo.
É valido lembrar que “o aparato 100% capaz de dar uma pronta resposta” não deu resposta alguma durante os anos em que o PCC passou a operar em conjunto com amplos setores da Faria Lima, de onde operava até recentemente mais de R$ 52 bilhões em ativos, por meio de pelo menos 40 fundos de investimento e algumas fintechs. Tudo só foi descoberto no segundo semestre deste ano, após a Operação Carbono Oculto, a maior da História do Brasil, levada a cabo pela Polícia Federal. Tarcísio de Freitas (Republicanos), o governador de São Paulo, é o queridinho e candidato presidenciável da Faria Lima, onde pelo menos uma vez por semana vai para dar palestras e ser bajulado pelos endinheirados da famosa avenida que serve de metonímia para o “mercado”.
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Ainda assim, Derrite disse que, se a Polícia Federal tiver informações pertinentes sobre o caso e quiser repassá-las, “obviamente” sua pasta aceitaria, adotando a seguir um tom mais humilde.
“A Polícia Federal se colocou à disposição. Se eles tiverem alguma informação e quiserem colaborar, obviamente vai ser bem aceito. Nosso objetivo é prender os criminosos. Todos nós estamos desprovidos de eventual vaidade, porque nós somos policiais e polícia é um órgão de estado, não de governo. E eu confio 100% no trabalho da Polícia Civil do Estado de SP”, concluiu o bolsonarista.