ELO COM CRIME ORGANIZADO

Beneficiado pela PEC da Blindagem, Rueda, presidente do União, seria dono oculto de jatinhos do PCC

Presidente do União, que controla junto com o PP de Ciro Nogueira a maior bancada na Câmara, foi beneficiado pela extensão do foro na PEC da Blindagem e é alvo da PF por ser acusado de ser dono oculto de jatinhos usados por líderes do PCC.

Antonio Rueda com ACM Neto, Ciro Nogueira e Arthur Lira, na federação União / PP e em evento na Faria Lima.Créditos: Flickr Progressistas / Rede X Antonio Rueda
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Beneficiado com um "jabuti" colocado na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da blindagem, que estende o foro privilegiado a presidentes de partidos com representação no Congresso Nacional, Antônio Rueda virou alvo da Polícia Federal (PF) após ser acusado de ser o dono oculto de 4 dos 10 jatos executivos que seria usadas por dois membros do Primeiro Comando da Capital, o PCC, investigados na operação Carbono Oculto, que revelou um megaesquema lavagem e dinheiro da facção criminosa em bancos e fintechs da Faria Lima.

Em entrevista ao ICL Notícias, o piloto Mauro Caputti Mattosinho, 38 anos, afirma que as aeronaves são operadas pela empresa Táxi Aéreo Piracicaba (TAP), na qual trabalhava até duas semanas atrás, e teriam sido usadas por Mohamad Hussein Mourad, mais conhecido como Primo, e Roberto Augusto Leme da Silva, o Beto Louco, líderes do PCC investigados pela PF, que estão foragidos.

"Havia um clima de 'boom' de crescimento na empresa. E isso foi justificado como sendo um grupo muito forte, encabeçado pelo Rueda, que vinha com muito dinheiro que precisava gastar. Então, a aquisição de várias aeronaves foi financiada", disse o piloto na entrevista aos jornalistas Leandro Demori, Cesar Calejon, Flávio VM Costa e Alice Maciel, do ICL Notícias; e Thiago Herdy, colunista do UOL.

Em nota, Rueda “repudia com veemência qualquer tentativa de vincular seu nome a pessoas investigadas ou envolvidas com a prática de algum ilícito” e que “nunca participou da compra das aeronaves”.

Mattosinhos afirma que contou todo o esquema à PF, que teria incluído Rueda nas investigações sobre o elo entre Faria Lima e o PCC.

PEC da Bandidagem

Rueda preside o União Brasil, que recentemente se uniu ao PP, de Ciro Nogueira (PP-PI), em federação que conta com a maior bancada na Câmara, com 109 deputados, além de 15 senadores. A atuação dos dois e os votos do partido foram fundamentais para colocar em pauta e votar a PEC da Blindagem - apelidada de PEC da Bandidagem - e a urgência ao PL da Anistia, para livrar Jair Bolsonaro (PL) da prisão após condenação a 27 anos e 3 meses de cadeia pela tentativa de golpe.

O presidente do União, que não tem mandato legislativo e não ocupa cargo na esfera pública, foi o principal beneficiado pela extensão do foro privilegiado a presidentes de partidos, medida inédita no cenário político brasileiro.

Lobista do sistema financeiro, Nogueira ainda se comprometeu com o sistema financeiro a blindar os ricaços do aumento do Imposto de Renda para quem ganha acima de R$ 50 mil mensais, medida para compensar a isenção de quem ganha até R$ 5 mil.

Segundo os investigadores, Rueda seria dono oculto das aeronaves que estão em nome de terceiros e de fundos de investimentos que operam na Faria Lima. 

Segundo o site Metrópoles, um dos jatinhos, um Cessna 560XL de matrícula PRLPG, está em nome da empresa Magik Aviation, que divide o mesmo presidente com a Bariloche Participações S.A. As duas empresas pertencem a dois empresários do ramo de mineração: Haroldo Augusto Filho e Valdoir Slapak.

Donos do grupo econômico Fource, os dois já foram alvo de busca e apreensão na Operação Sisamnes, da PF, que investiga a venda de sentenças no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

A Bariloche Participações S.A opera um outro fundo, também chamado Bariloche, que tem capital no fundo Vienal - do banco Genial - e é alvo da investigação Carbono oculto por ser parte do esquema de fundos "caixa-pretas" usados para lavagem de dinheiro, inclusive do PCC.

Além do Cessna 560 XL, as outras aeronaves seriam um Cessna 525A; um Raytheon R390; e um Gulfstream G200, avaliado em US$ 18 milhões – quase R$ 100 milhões.

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