INCITANDO BOLSONARISTAS

Embaixada dos EUA volta a ameaçar governo Lula e marca Trump em publicação nas redes

A embaixada classificou o processo judicial no Brasil contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como “farsa política” e, mais uma vez, prometeu reação.

Donald Trump.Créditos: Harrison Koeppel / White House
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A Embaixada dos Estados Unidos (EUA) no Brasil voltou a ameaçar o governo brasileiro nesta quinta-feira (18). Em publicação nas redes sociais com o perfil do presidente dos EUA, Donald Trump, marcado, a representação estadunidense questionou a legitimidade do processo judicial no Brasil contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) novamente, desta vez classificando-a como “farsa política” e prometeu reação.

Sem mencionar o ex-presidente Bolsonaro diretamente ou ao Supremo Tribunal Federal (STF), uma semana após a condenação dele e de sete outros réus do núcleo principal da trama golpista, a publicação tenta pressionar as instituições brasileiras quanto ao julgamento dos atos golpistas de 8 de janeiro.

A publicação foi compartilhada pelo perfil oficial do secretário do Departamento de Estado dos Estados Unidos (DOS), Christopher Landau. O comunicado também menciona o secretário de Estado, Marco Rubio, afirmando que os Estados Unidos “responderão adequadamente a essa perseguição política e não serão intimidados por ameaças judiciais”.

"Aqueles que afirmam seguir o Estado de Direito não podem aumentar a punição de um réu criminal com base na reação de terceiros", escreveu a embaixada, em alusão à publicação feita por secretário do Departamento de Estado dos Estados Unidos (DOS), Christopher Landau. "Como já disseram @POTUS, @realDonaldTrump e @SecRubio, os Estados Unidos responderão adequadamente a essa perseguição política e não serão intimidados por ameaças judiciais.", concluiu.

Até o momento, o Ministério das Relações Exteriores (MRE), conhecido como Itamaraty, não emitiu resposta oficial à declaração mas, no começo de agosto, chegou a convocar o chefe da embaixada estadunidense, Gabriel Escobar, após ameaças aos ministros do Supremo.

Destaca-se, ainda, assim como tem sido amplamente divulgado na mídia brasileira, que a Embaixada dos EUA tem reiteradamente questionado a soberania brasileira, bem como decisões que tangem ao poder Judiciário brasileiro, na tentativa de coagí-los.

Entenda a questão das sanções

Conscientes de que as sanções de Donald Trump ao Brasil pegaram mal, bolsonaristas tentam de tudo para recuperar a narrativa e tentam emplacar acusações de perseguição política, sequestro, invasão a celulares e até contestação de instituições, em acusações que beiram a paranoia e a conspiração, e incitando apoiadores extremistas contra figuras públicas. O discurso tem sido endossado pela Embaixada dos EUA no Brasil, também.

O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) insinuou no fim de agosto que o assalto aos seus familiares teria sido usado como pretexto para invadir dados do celular de sua mãe. Seu irmão, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), também tentou transformar a situação em um novo caso Adélio Bispo.

Carlos alegou que o crime não se encaixaria em um assalto comum e sugeriu que a mãe estaria sob “vigilância indireta”, ainda que nunca tenha sido alvo de busca e apreensão — que normalmente é feito pela Polícia Federal (PF), sob ordens do Supremo Tribunal Federal (STF). No último domingo (24), seu irmão, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, foi às redes para atrelar o assalto ao ministro Alexandre de Moraes, do STF.

Já o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) protocolou um recurso no Tribunal de Contas da União (TCU) questionando a contratação, pela Advocacia-Geral da União (AGU), de um escritório de advocacia dos Estados Unidos para tentar reverter as sanções impostas pelo governo dos EUA ao Brasil e a autoridades brasileiras, entre elas o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). 

O Brasil é alvo de sanções que taxam em 50% os produtos nacionais em território estadunidense, após decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, que justificou a medida como uma resposta à ação penal que deve levar o ex-presidente Jair Bolsonaro à prisão por tentativa de golpe de Estado. Não à toa, as retaliações ao Brasil vêm sendo não só apoiadas como articuladas por Eduardo Bolsonaro, que vive nos EUA desde o início de 2025. 

O ministro Moraes, do STF, também foi sancionado, dessa vez pela Lei Magnitsky, que o impede de entrar nos EUA, movimentar bens no país e utilizar serviços de empresas estadunidenses, como bancos emissores de cartões de crédito.

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