Piloto de jatinhos usados por líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC) - e que teriam o presidente do União Brasil, Antonio Rueda, como "dono oculto" -, Mauro Caputti Mattosinho, de 38 anos, confirmou ter levado uma sacola, que teria dinheiro vivo, ao presidente do PP, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), que foi ministro da Casa Civil do governo Jair Bolsonaro (PL).
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Mattosinho fez a revelação de forma anônima em entrevista ao ICL Notícias no dia 31 de agosto, o que provocou a ira de Ciro Nogueira, que chegou a divulgar o número do telefone do jornalista Leandro Demori, que entrou em contato para pegar o outro lado. O senador nega que tenha recebido dinheiro “tido proximidade de qualquer espécie” com Roberto Augusto Leme da Silva, o Beto Louco.
Líderes do PCC, Beto Louco e Mohamad Hussein Mourad, mais conhecido como Primo estão foragidos após ação da PF que desvendou o braço da facção criminosa na Faria Lima.
De forma anônima, Mattosinho revelou que teria levado uma sacola de dinheiro a Nogueira por encomenda de Primo e Beto Louco.
“Sim, ele falou que [a sacola com dinheiro] era para o Ciro Nogueira. Eles estavam indo encontrar o Ciro, em posse dessa sacola”, diz à época.
Nesta quinta-feira (18), em nova entrevista ao ICL em que revelou que Rueda seria dono oculto das aeronaves usadas pela facção criminosa, o piloto deu mais detalhes sobre a entrega do pacote ao senador, lobista da Faria Lima e principal articulador do golpe dos ricaços no Congresso Nacional.
"Aquela sacola de papel me foi apontada por pessoas da empresa como uma sacola que deveria ser especialmente cuidada. E esse tipo de comunicação se dava para que nós entendêssemos que ali continha dinheiro", afirmou sobre o alerta que teria sido dado pelo dono da Táxi Aéreo Piracicaba (TAP), Epaminondas Chenu Madeira.
Em seguida, o piloto narra o que aconteceu quando Beto Louco chegou à Brasília com a sacola. “No momento do desembarque [em Brasília], eu ouvi o Roberto Leme dizendo, na verdade, perguntando se estava tudo certo com o Ciro, se o Ciro já estava os aguardando, e a forma que ele se referiu foi o senador Ciro".
O piloto diz que filmou a sacola "no intuito de demarcar que eu não estava maluco”. O vídeo foi feito no dia em que ele teria realizado o voo para Brasília, em 6 de agosto de 2024.
O voo foi feito no bimotor Israel G150, prefixo PR-SMG. Segundo Mattosinho, o jato pertence aos donos da Copape Produtos de Petróleo. Beto Louco e Primo ainda seriam sócios ocultos de Epaminondas Chenu Madeira na compra de outros dois jatinhos.