Alçado por Hugo Motta (Republicanos-PB) à relatoria do Projeto de Lei que pretende libertar os poucos mais de 100 golpistas que seguem presos na Papuda e evitar que Jair Bolsonaro (PL) vá para lá, Paulinho da Força (Solidariedade-SP) resgatou das catacumbas da política brasileira duas figuras emblemáticas, que abriram as portas para a ascensão da ultradireita no país.
PLÍNIO TEODORO: Paulinho da Força, Temer e Aécio mostram a bolsonaristas quem é malandro e quem é otário na direita
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Após conceder entrevista em Brasília dizendo não saber se vai "salvar Bolsonaro", Paulinho voou para São Paulo onde foi recebido em um jantar na casa do ex-presidente golpista Michel Temer (MDB), que o aguardava com o deputado e ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves (PSDB), que em 2014 contestou na Justiça a derrota eleitoral para Dilma Rousseff (PT), dando início ao golpe parlamentar que derrubou a ex-presidente e colocou o medebista no poder.
Em vídeo divulgado no final da noite, Paulinho diz que procurou os colegas para discutir a pacificação do país.
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"Tem esse PL que nós queremos discutir, presidente, para que a gente possa pacificar o Brasil. O Brasil não aguenta mais essa polarização de extrema direita com extrema esquerda, o Brasil precisa pensar no futuro, precisa votar projetos importantes", inicia o relator do PL.
Coube a Michel Temer, em seguida, mudar os rumos e o nome do projeto, que foi de PL da Anistia para "PL da Dosimetria", uma referência à regressão das penas dos condenados pela tentativa de golpe, sinalizando que o pacto pode abrandar a pena de 27 anos e 3 meses prescrita a Bolsonaro, mas não livrar o ex-presidente da condenação.
Temer classifica a situação como "momento histórico" e fala sobre um acordo, que envolveria o Supremo Tribunal Federal (STF) e até mesmo o "Executivo", em referência ao governo Lula para transformar a anistia num abrandamento das penas.
"Evidentemente, já conversamos um pouco aqui, de como um acordo com o Supremo Tribunal Federal, com o Executivo, numa espécie de pacto republicano, digamos assim, especialmente com essa denominação de PL da dosimetria, portanto, de uma nova dosagem das penas, acho que pode produzir um resultado muito positivo. Cumprimento de você e devo dizer que fico honradíssimo com a sua visita, com a visita de Aécio, para nós trocarmos ideia sobre esse tema. Espero que dê tudo certo", diz Temer.
Em seguida, Aécio lembra que a "anistia para tentativas de abolir o Estado-Democrático de Direito foi considerada inconstitucional para o Supremo Tribunal Federal" e reitera a nova "nomenclatura" da anistia.
"A anistia para tentativas de abolir o Estado-Democrático de Direito foi considerado inconstitucional para o Supremo Tribunal Federal, e como você disse, você não quer colocar o Congresso Nacional em confronto novamente com o Supremo Tribunal Federal", diz Aécio.
"Portanto, essa nova nomenclatura de PL, da dosimetria, é absolutamente adequada para que nós possamos fazer justiça, permitir que essas pessoas que de alguma forma lateralmente participaram daquele processo possam tocar as suas vidas e o Brasil tocar a sua agenda, porque nós estamos paralisados nesse confronto que só interessa aos dois extremos", segue Aécio, que termina ressaltando que "o Centro e o Brasil esperam muito do teu trabalho".
Na publicação em seu Instagram, Paulinho afirmou que "como relator do PL da Dosimetria, tenho buscado dialogar com grandes lideranças para construir uma proposta que pacifique o país e garanta justiça", sobre o encontro com Temer e Aécio Neves.