A esquerda capturada pelo moralismo tacanho e a prova de que o golpe veste toga

Vi muita gente da esquerda batendo palma e exaltando o discurso moralista e lacerdista do ministro Luiz Barroso, Por Daniel Samam

Foto: Fellipe Sampaio /SCO/STF
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Por Daniel Samam no Blog da Canhota Vi muita gente da esquerda, inclusive formadores de opinião, batendo palma e exaltando o discurso moralista e lacerdista do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Roberto Barroso, no bate-boca com o ministro Gilmar Mendes na tarde de ontem (21) no plenário do Supremo. As elites e a direita usam os meios de comunicação como arma - já dizia o saudoso Vito Giannotti, "partido sem jornal é igual a um exército sem arma. Não serve pra porra nenhuma". Aí, com a narrativa ao seu lado, transformam um moralista positivista como o Barroso no herói do momento contra o ministro que segue a coerência de defesa da Constituição (gostemos ou não de seu modus operandi). Isto nos revela o quanto setores da esquerda ainda são tomados por uma visão estreita e binária da realidade. Bem diferente do que pensam os ministros Barroso, Luiz Fux e a presidenta do STF, Carmen Lúcia, que pautados pela Globo e por movimentos de extrema-direita como Movimento Brasil Livre (MBL) e "Vem Pra Rua", justificam a supressão de direitos e garantias fundamentais pautados pelo "sentimento do povo" e pela "opinião pública" - argumento muito usado pelo nazifascismo, diga-se. Segundo explicação do jurista e camarada Rubens Casara, essa polêmica em torno da presunção de inocência é a mesma que existia na década de 40, na Itália: de um lado, os fascistas (com a posição do Barroso) e do outro os juristas democratas. A presunção da inocência, camaradas, é uma opção política: melhor deixar solto um possível culpado do que prender um possível inocente. Fato é que hoje (22) veremos mais uma sessão patética. O STF, que deveria ser o guardião da Constituição, decidirá se o que consta na Carta Magna - a presunção de inocência e a prisão após trânsito em julgado do processo - vale ou não. Só reforça a tese de que o golpe veste toga.