Menos de 15 dias após deixar o governo atirando, o ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro tem provado do mesmo veneno que usou contra adversários desde os tempos em que era considerado o todo poderoso da Lava Jato. Humilhado e perseguido pela milícia virtual bolsonarista, Moro agora protagoniza um inquérito sem provas contra Jair Bolsonaro.
A falta de provas no dpoimento de quase nove horas prestado à Polícia Federal em Curitiba já leva o procurador-geral da República, Augusto Aras, a descartar qualquer processo contra Bolsonaro. Aliado do presidente, Aras já não movia forças para que isso acontecesse e a falta de comprovação das denúncias por Moro o levam a seguir apenas o rito protocolar, antes de enterrar as denúncias.
Após Moro citar nomes do Planalto, Aras pediu para que os ministros da Casa Civil, Braga Netto, da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos e do GSI ( Gabinete de Segurança Institucional) , Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional da Presidência), além da deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), sejam ouvidos.
O PGR também solicitou a oitiva dos delegados da Polícia Federal Maurício Valeixo, Ricardo Saadi, Carlos Henrique de Oliveira Sousa, Alexandre Saraiva, Rodrigo Teixeira e Alexandre Ramagem Rodrigues, para que prestem informações acerca de “eventual patrocínio, direto ou indireto, de interesses privados do Presidente da República perante o Departamento de Polícia Federal, visando ao provimento de cargos em comissão e a exoneração de seus ocupantes”.
Rato
A opinião praticamente unânime entre procuradores, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), integrantes da Polícia Federal e juristas é que o depoimento de Moro foi fraco e que não deve resultar em processo algum.
Resumindo, remetem a uma expressão usada pelo próprio Moro em junho do ano passado diante das denúncias da Vaza Jato publicadas pelo site The Intercept em parceria com a Folha de S.Paulo. “Um pouco de cultura. Do latim, direto de Horácio, parturiunt montes, nascetur ridiculus mus.” Traduzindo: “A montanha pariu um rato", publicou em seu Twitter à época.
À coluna Painel, da Folha de S.Paulo, nesta quarta-feira (6), Ticiano Figueiredo, presidente do Instituto de Garantias Penais, afirma que Moro tem uma percepção distorcida sobre provas acusatórias.
"No discurso de despedida, imputou uma série de crimes ao presidente. Quando chegou a hora de apresentar todas as provas, entregou um nada e depôs sobre um vazio", diz o advogado.