"Acionei o governo federal e estadual, mas não tive resposta", diz Talíria sobre ameaças de morte

Deputada recorreu à ONU para conseguir um posicionamento do governo Bolsonaro. Ela diz que está com atividades parlamentares limitadas por causa das ameaças

A deputada Talíria Petrone (Reprodução/Instagram)
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Ameaçada de morte, a deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ) precisou recorrer à Organização das Nações Unidas (ONU) para pressionar o governo de Jair Bolsonaro e ter acesso à medidas de proteção e segurança. Em entrevista à Fórum nesta quarta-feira (30), a parlamentar conta que, desde a primeira ameaça, há mais de um ano, ela cobra um posicionamento do governo federal e estadual. De acordo com ela, no entanto, nunca houve uma resposta positiva.

"Desde a primeira [ameaça] enquanto deputada federal, a ameaça mais objetiva, há mais de uma ano, a gente acionou o governo federal e estadual e não tivemos resposta positiva. Foram vários ofícios, desde a bancada do PSOL até o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, seja do Departamento de Polícia Legislativa, aos órgãos estaduais e federais e não obtivemos nenhum posicionamento deles", relata a parlamentar.

A parlamentar também destaca que está com as atividades limitadas por conta das ameaças que tem recebido. De acordo com ela, a Polícia Civil do Rio de Janeiro possui mais de cinco gravações de pessoas tramando a sua morte, algumas delas recebidas dias após o nascimento de sua filha.

"Pra mim é mais uma expressão da falta de apreço desses órgãos à democracia. Sou uma parlamentar eleita e tenho hoje minhas atividades parlamentares limitadas por ameaças a minha vida. A gente considera isso bastante grave, mas seguimos em frente, estamos tomando todas as medidas que estão ao nosso alcance para conseguir exercer o mandato", completa.

Para a parlamentar, o governo Bolsonaro é um dos fatores para o aumento de violência política contra a oposição. "A democracia no Brasil já é bastante frágil. O Brasil é um país que mais assassina defensores e defensoras de direitos humanos no mundo. Mas, sem dúvida, em um governo que não tem apreço pela democracia, que já deu muitos sinais de autoritarismo, de censura, que encampa pautas que expressam várias violações aos direitos humanos, isso amplia a violência política ainda mais de quem é de oposição ao governo", afirma.

Na carta à ONU, Talíria faz três pedidos às relatoras: Exigir respostas do Estado brasileiro sobre quem ordenou a morte de Marielle Franco; Condenar as ameaças contra sua vida e exigir explicações sobre à missão do Brasil na ONU sobre as investigações em andamento a seu respeito; Instar o Estado brasileiro a apresentar um plano para proteger as mulheres, especialmente as mulheres de cor por sofrer violência política.

Se as relatoras da ONU acatarem as denúncias, uma cobrança formal será feita ao Brasil como forma de forçar o governo a agir.