Acusado de matar Marielle, vizinho de Bolsonaro tinha facilidades para importar armas como "colecionador e atirador"

Ronnie Lessa e conhecidos milicianos figuram na lista das pessoas com o Certificado de Registro. Documento foi emitido pelo tenente-coronel do Exército Alexandre Almeida, preso em abril deste ano sob suspeita de desvio de armas

Ronnie Lessa (D) e a ação da PM no condomínio Vivendas da Barra para prendê-lo (Reprodução/TV Globo)Créditos: Arquivo Pessoal/Divulgação/Montagem
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Vizinho de Jair Bolsonaro no condomínio Vivendas da Barra, no Rio de Janeiro, o sargento reformado Ronnie Lessa, acusado de ser o autor dos disparos que mataram a vereadora Marielle Franco (PSol) e o motorista Anderson Gomes, usava o Certificado de Registro (CR), documento concedido pelo Sistema de Fiscalização de Produtos Controlados (SFPC) do Exército, para facilitar a importação de armas. Leia também Decreto de Bolsonaro libera venda de fuzil para qualquer cidadão: “Fila é de 2 mil pessoas”, diz Taurus Segundo reportagem de Chico Otávio e Vera Araújo, no jornal O Globo desta terça-feira (21), Ronnie Lessa e conhecidos milicianos figuram na lista das pessoas com o Certificado de Registro. Com o certificado de registro de colecionador e atirador desportivo de número 203.587, desde 30 de maio do ano passado, Lessa obteve o documento do SFPC, assinado pelo tenente-coronel do Exército Alexandre Almeida, que chefiava o serviço na época. Almeida foi preso em abril deste ano sob suspeita de desvio de armas do setor que coordenava, que tinha como atribuições fiscalizar: a importação e o comércio de armas, os clubes de tiro, o comércio de explosivos, a blindagem de veículos, além das atividades dos colecionadores, atiradores e caçadores, os chamados CACs, categoria na qual Lessa se inclui. Ainda segundo os jornalistas, a Receita Federal comunicou ao Ministério Público Federal ( MPF ) que encontrou e reteve no Correios de São Paulo uma carga de seis peças de airsoft importadas em nome de Lessa , que está preso desde março. Para trazer a encomenda, Lessa seguiu os trâmites legais, valendo-se da Instrução Normativa nº 1737, que regula os despachos aduaneiros, e da anuência do Exército.