O presidente da Argentina, Alberto Fernández, participou nesta segunda-feira (22) de uma das atividades do aniversário de 41 anos do PT, sobre lawfare e o caso Lula. Em mensagem, o mandatário criticou a condenação do ex-líder sindical e a atuação do ex-juiz Sergio Moro, de procuradores, e dos meios de comunicação.
Professor de Direito Penal, Fernández classificou o lawfare como um "maldito mecanismo que foi implementado no Brasil e em outros lugares do continente que serviu para que a mídia e a Justiça persigam opositores ao regime político que agora governa".
"A verdade é que se pode ver casos em distintos lugares da América Latina onde há claramente há ações persecutórias e há casos judiciais que se sustentam em certas regras processuais e em um cúmulo de arbitrariedades para perseguir e prender opositores", completou.
Fernández aponta que Lula está entre os três casos mais claros de aplicação de lawfare, junto a Rafael Corrêa, ex-presidente do Equador, e Cristina Kirchner, atual vice-presidenta e ex-presidenta da Argentina.
"O mais chamativo desse caso é que a imputação que faziam ao Lula era que ele teria recebido um apartamento como parte de propina de uma empreiteira. Não havia nenhum documento que avalizava que a propriedade era de Lula, mas simplesmente com base no jogo das 'convicções' desse singular juiz Moro, terminou sendo condenado", comentou Fernández, que destacou que o mesmo apartamento foi usado para saldar uma dívida de outra pessoa.
"Agora já conhecemos como o juiz Moro manipulava os procuradores e os procuradores se prestavam a isso, para que Lula não pudesse ser candidato e seguisse muito tempo processado. Agora, graças a deus, parece que as provas revelam claramente como foi essa perseguição", prosseguiu, fazendo referência aos dados da Operação Spoofing e da Vaza Jato.
"Havia uma série de engrenagens na qual participavam juízes, procuradores e meios de comunicação para construir no imaginário público do Brasil a ideia de que Lula era um deliquente. Agora tudo está sendo descoberto", disse ainda.
O presidente argentino também ironizou o fato de que Moro foi "um juiz que andou circulando pela América Latina como um paladino da luta contra a corrupção e terminou sendo ministro da Justiça do atual governo do Brasil"
O argentino ainda parabenizou o PT pelo aniversário e lembrou de quando visitou Lula na Superintendência da Polícia Federal de Curitiba.
Além de Fernández, participaram Jean-Luc Mélenchon, candidato à presidência da França em 2017 pelo França Insubmissa, e o advogado Antônio de Almeida Castro, o Kakay, e diversas lideranças de esquerda latino-americanas. A atividade foi coordenada pelo ex-ministro Fernando Haddad.
O debate foi reexibido ao vivo pelo canal do YouTube da Fórum.
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