Alexandre de Moraes é pego em grampo que sugere lobby ilegal no STF

Diálogos sugerem que Moraes, quando era secretário de Segurança Pública em SP, tentou de forma ilegal fazer lobby com ministros do STF para livrar um desembargador do TJ de MG de um processo

Alexandre de Moraes - Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
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Reportagem da Folha de S. Paulo publicada neste domingo (15) aponta que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, teria atuado de forma ilegal em um lobby junto a ministros da Corte, em 2015, para livrar um desembargador do Tribunal de Justiça de Minas Gerais de um processo. O jornal teve acesso a um grampo da Polícia Federal que sugere que Moraes agiu como uma espécie de advogado informal do desembargador Alexandre Victor de Carvalho. À época, o hoje ministro do STF era secretário de Segurança Pública do governo de São Paulo. Nas conversas, Moraes trata com Carvalho sobre sua defesa e diz que vai conversar com ministros do Supremo sobre o caso do desembargador, alvo de um processo que poderia lhe custar o cargo por, supostamente, ter usado de sua influência para empregar parentes como funcionários fantasma em cargos públicos. Os diálogos gravados pela Polícia Federal são de novembro, mês em que a Segunda Turma da Corte julgaria o mérito do caso do desembargador. Em momentos da conversa, o então secretário de Segurança Pública fala sobre suas estratégias para livrar o desembargador, citando conversas que teria com ministros como com Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski, a quem ele pediria para "dar um toque" em Cármen Lúcia e no então ministro, falecido em 2017, Teori Zavascki. Onze dias depois da conversa, o caso foi julgado pela Segunda Turma do STF e arquivado. A Folha de S. Paulo ressalta, em sua reportagem, que Moraes teria cometido ato ilegal pois "por lei, o exercício da advocacia é incompatível com a chefia de órgãos públicos, cabendo, em caso de descumprimento da regra, a abertura de procedimento disciplinar na OAB e de processo criminal por exercício irregular da profissão". Alexandre de Moraes não quis se manifestar sobre o grampo. Confira a íntegra da reportagem aqui.