Alexandre de Moraes revela que milícias digitais fazem "grande lavagem de dinheiro"

Como se sabe, as milícias digitais, investigadas pelo STF, são compostas por bolsonaristas, incluindo parlamentares, que atuam de forma coordenada para disseminar fake news e promover ataques a instituições e adversários políticos

Alexandre de Moraes (Arquivo/STF)
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Em entrevista à GloboNews nesta sexta-feira (11), durante participação em um evento da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, afirmou que as chamadas milícias digitais, compostas por bolsonaristas para disseminar fake news e atacar instituições e adversários políticos, praticam "grande lavagem de dinheiro".

"No primeiro momento você financia as fakenews, a partir disso, com a monetização, começa a ocorrer um autofinanciamento e algo muito interessante, que não vou entrar em detalhes para não atrapalhar a investigação, é que provavelmente essas milícias digitais estão fazendo há alguns anos uma grande lavagem de dinheiro", disse Moraes, que é relator do inquérito das Fake News no STF e que, inclusive, já chegou a colocar bolsonaristas na prisão.

"Eu não tenho nenhuma dúvida de que as milícias digitais estão sendo usadas para uma grande lavagem de dinheiro", completou o ministro.

Segundo Moraes, a lavagem de dinheiro é feita através da venda de cursos, lives e sites de crowdfunding.  "Se faz essa lavagem e acaba limpando esse dinheiro, que pode retornar via doações, inclusive eleitorais", afirmou. Neste sentido, o ministro informou que um dos objetivos é levar o caso fechado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), já que esse tipo de ação pode financiar campanhas políticas. Ele diz também que, para além de intenções eleitorais, há milicianos digitais enriquecendo ilegalmente com o esquema.

 "Hoje, muitos milicianos digitais se autoidentificam como jornalistas para evitar qualquer responsabilidade —aí vai ver, e de jornalista não tem nada, está lavando dinheiro e monetizando", disparou.

No final de maio, a Polícia Federal, no âmbito do inquérito relatado por Moraes, desencadeou uma operação para colher provas sobre o funcionamento das milícias digitais e todos os alvos são bolsonaristas. Estão na mira da investigação, por exemplo, empresários como Luciano Hang, da Hava, blogueiros que se autodefinem como jornalista, como Allan dos Santos, agitadores como a extremista Sara Winter e, inclusive, parlamentares, como Bia Kicis e Carla Zambelli, ambas do PSL.

Confira a lista de bolsonaristas supostamente envolvidos nas milícias digitais aqui.