Ao assumir TSE, Barroso rebate Bolsonaro e diz que povo se arma com "educação e ciência"

Em discurso de posse, ministro também criticou as "milícias digitais" que disseminam "ódio e radicalização" nas redes

Luís Roberto Barroso - Foto: Nelson Jr./SCO/STF
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O novo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luis Roberto Barroso, afirmou em discurso de posse nessa segunda-feira (25) que é necessário armar o povo "com educação, cultura e ciência". Declaração bate de frente com fala do presidente Jair Bolsonaro na reunião ministerial do dia 22 de abril.

O ex-capitão havia afirmado que é necessário armar a população para enfrentar as medidas adotadas por governadores e prefeitos durante a pandemia do coronavírus.

“A falta de educação produz vidas menos iluminadas, trabalhadores menos produtivos e um número limitado de pessoas capazes de pensar criativamente um país melhor e maior. A educação, mais que tudo, não pode ser capturada pela mediocridade, pela grosseria e por visões pré-iluministas do mundo. Precisamos armar o povo com educação, cultura e ciência”, disse o ministro.

Barroso também criticou a existência de "milícias digitais" que disseminam "ódio e radicalização" nas redes, poluindo o debate público.

“Na medida em que as redes sociais adquiriram protagonismo no processo eleitoral, passaram a sofrer a atuação pervertida de milícias digitais que disseminam o ódio e a radicalização”, afirmou Barroso. “São terroristas virtuais que utilizam como tática a violência moral, em lugar de participarem do debate de ideias de maneira limpa e construtiva”, continuou.

Em abril, a Polícia Federal identificou o vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, como um dos responsáveis pela milícia virtual que dispara fake news nas redes sociais. A investigação do caso é conduzida de forma sigilosa em inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF).