Após assassinato de Agatha, UFRRJ denuncia política de extermínio e "índole fascista" de Witzel

"A morte é sempre algo a se lamentar. Quando ela se insere em políticas públicas, torna-se expressão de uma índole fascista do Estado", diz a nota

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Depois do assassinato brutal de Agatha Félix, de 8 anos, a Reitoria da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), localizada na cidade de Seropédica, divulgou neste domingo (22) uma nota pública em que denuncia a “índole fascista” e a “política de extermínio” promovida pelo governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC). A nota destaca que, somente nos primeiros oito meses de 2019, foram registradas 1.249 mortes pela polícia no Estado. “Não será ceifando vidas que atingiremos um nível de desenvolvimento humano tão urgente. Não há saída possível sem justiça social e a vida plena de oportunidades que priorizem cidadania, cultura, educação, emprego e esperança para populações excluídas”, diz o texto. Depois de mais de 24h do assassinato de Agatha, Witzel soltou uma nota protocolar dizendo lamentar a morte, que aconteceu após a menina ser atingida por tiro de fuzil da Polícia Militar (PMERJ) enquanto voltava para casa com sua família, e afirmou que os PMs revidaram a uma agressão que sofreram em confronto, reafirmando a versão da PMERJ. No entanto, moradores do Complexo do Alemão e familiares de Agatha afirmaram que não houve troca de tiros. Confira a íntegra da nota da UFRRJ: A morte é sempre algo a se lamentar. Quando ela se insere em políticas públicas, como virtude, torna-se expressão de uma índole fascista do Estado. Quando a morte torna-se uma virtude, um momento a ser homenageado, significa que estamos diante da barbárie institucionalizada. Recentes ações que culminaram com o assassinato de uma menina de oito anos, Ágatha Félix, desnudam a falta de respeito aos direitos humanos fundamentais por parte do Estado. Nos primeiros oito meses deste ano, foram registradas 1.249 mortes ocasionadas pela polícia estadual do Rio de Janeiro. Não é possível festejar estes números. Não será ceifando vidas que atingiremos um nível de desenvolvimento humano tão urgente. Não há saída possível sem justiça social e a vida plena de oportunidades que priorizem cidadania, cultura, educação, emprego e esperança para populações excluídas. Na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, promovemos a cultura da tolerância, fraterna e solidária. Somos uma universidade com dois câmpus na Baixada Fluminense, região marcada por violências inomináveis. Temos a experiência da dor. E é nesta condição que anunciamos de maneira radical nossa repulsa a práticas brutais como solução de dramas seculares que levam milhões à exclusão e à miséria. Seropédica, 22/9/2019 Reitoria da UFRRJ